segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Beatriz Segall - Lurdes Mesquita - Novela Água Viva - 1980 - 3

 Vim dar uma arrumadazinha no cabelo. São tantas entrevistas...
 Olá! Muito bem! Quero a nuca bem batidinha, como sempre!
Uma coisinha rápida, tenho muitos compromissos hoje, entende?
 Mas, veja!!!! A Selma, a Tamara! Taxman! Táxi!
 Preciso ficar a par dessa conversa...estão falando de arte, de quadros...
Querido, não se esqueça da nuca bem batidinha, ok? Quero ficar bem antipática, intragável, podre, positivamente insuportável!
Não se esqueça de vaporizar com laquê de creolina. Francesa, evidentemente, não é mesmo...
 Eu não entendo muito de arte, mas tenho muitos amigos do mercado de arte. Você sabe, eu sou muito bem relacionada...
 Que ótimo, Lurdes! Um amigo está querendo um Di.
 Positivamente eu posso lhe ajudar, vou fazer uns contatos...  não lhe garanto uma resposta positiva, mas vou fazer umas ligações...
 Ah, é??? A Tamara! Taxman! Táxi! arreganhou os incisivos e os caninos vampíricos transilvânicos e adorou...Que bom , Lurdes!

 Estou entrando para o mercado de arte...Positivamente é um mercado que não se esgota, pois sempre há alguém querendo investir em arte, em adquirir uma obra de arte, principalmente os novos ricos, não é mesmo?
 Tenho um Antonio Dias muito bem cotado. Um Fragonard que vale uma pequena fortuna!
 Um Milton da Costa...Um Pancetti, um Cícero Dias, um Segall...

 Argh!, Lurdes!

 Vou ligar para uns clientes de São Paulo. Ligar para a Christiana Neves da Rocha, fui muito amiga da Lia, a mãe dela. Com certeza ela me fará um favorzinho.


 Estou adorando o trabalho com arte! As comissões são muito boas.
 Entendeu, querido? Cerimonial estava me cansando um pouco.
 E é preciso diversificar...
E eu sou muito bem relacionada!

Foto de Sasha Kargaltsev


 Adorei! Esse fotógrafo Sasha Kargaltsev é russo, mora em Nova York e faz fotos de gays russos que tiveram de sair do país para poderem viver. Fotografa os gays que, como os negros, são sempre vítimas de preconceito.

A moça de baixo é uma rica russa, Daria Zhukova, que se prestou a posar sentada em uma "cadeira-mulher- negra"o que só serviu pra ofender mais a raça negra, sempre colocando-a em posição de inferioridade.  

 Péssima! Por fora!

Passeio Antiguinho 3 . Edifício Santo Amaro . Loja Spinelli

Um passeio antiguinho pela Carlos Gomes - Edf. Santo Amaro - onde funcionava, até há pouco tempo, a loja tradicional de aluguel de roupas, Spinelli.
A Spinelli tinha um bordão que ficou muito conhecido pelos baianos e que era sempre usado nas propagandas da loja: "Adão não se vestia porque Spinelli não existia."
Hoje, quem quer alugar roupas tem o Orixás Center e muitas outras lojas por aí, mas a Spinelli, já era. Adão está nu. Continua nu.
É mais uma loja, um estabelecimento que era tão a "cara de Salvador"  e que desaparece.








 E, passando hoje pela galeria do Edifício Santo Amaro - 09.04.2018, quatro anos após essa postagem aqui no blog -, percebi que o nome do alfaiate e nome da loja - SPINELLI - foi retirado da placa de acrílico luminoso que se via logo ao entrar na galeria do edifício. 
Mas esqueceram de retirar o ponto do i. KKKKKK que permanece lá na placa descascada.


"Vamos colocar os pontos nos is" E assim, o ponto ficou!


SPINELLI



Spinelli e o seu secretário e assistente, Irênio que, nos anos 60, também fazia parte de um programa de calouros na antiga TV Itapuã, vestido de diabinho. Quando o calouro não cantava bem o diabinho - Irênio fantasiado - aparecia e levava o aspirante a cantor ou cantora pra fora do palco. Era hilário! 
O programa chamava-se Céu ou Inferno.


Hoje, uma sombra.


A antiga marca pintada no chão retiraram também da antiga loja. Quando eu fiz a primeira postagem em 2014, a loja já estava fechada há muito tempo e o novo dono, é claro, fez as modificações que ele quis para montar a loja que fica hoje nas dependências da antiga Spinelli.
Spinelli é passado, passado de uma antiga e próspera profissão que era a de alfaiate - qual jovem hoje em dia pensa em se tornar alfaiate??? Nenhum. Mas, antigamente, era profissão rentável e havia vários deles em Salvador. E ganhavam muito dinheiro. Era a época das roupas feitas por encomenda. Hoje as roupas são compradas prontas.
O corredor da antiga rua da Misericórdia antigamente era todo de oficinas de alfaiates. Eu tinha um lá, Seu Edvaldo, que costurou pra mim durante muitos anos.
É isto!