segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Cacique Raoni


Foto do Cacique Raoni na imprensa local, hoje, aqui de Salvador. Raoni está doente de Covid-19, já tinha estado interno, melhorou e agora voltou novamente pro hospital. Novamente está com a doença.
Raoni, memória viva do seu povo, tem que se curar, ficar bom para poder continuar na luta que agora é muito maior. Os indígenas sempre estiveram ameaçados, mas, agora, a situação está muito ruim. Mata queimando, garimpo, grilagem, a pecuária e a agricultura avançando floresta adentro e um clima péssimo de falta de respeito à mata, à Floresta Amazônica e aos seus habitantes naturais, os donos da terra brasilis, os indígenas.
Saúde para o Cacique Raoni, todas as rezas, todas as mentalizações para que ele fique bom.


domingo, 30 de agosto de 2020

Saquinho de Sal


Ganhei este saquinho de minha amiga Teresa, carioca de primeira, da gemíssima. Eu, nem é preciso dizer, caí de 4. Amei!!! 
Me lembro muito na minha infância desses saquinhos de sal em tecido de puro algodão, do bom, que se vendia em todos os armazéns. Esses saquinhos tinham sobrevida. Depois de usados e quando o sal acabava, serviam para - depois de abertas as costuras -, fazer um paninho para espremer coco nos "dias de vatapá e de canjica". Eram chamados, assim, de estopinha, paninho de espremer coco, sempre guardado nas gavetas do armário da cozinha, sempre limpo, alvo, para ser usado outra vez.
A marca desse sal, que está bem esmaecida no saquinho, é Ita, estampada em lindo azul anil. Saquinho de 2 kg, com registro do fabricante e endereço. Maravilha! Tudo nos conformes.
O Ita ainda é vendido, porém, é claro, em saquinho de "material plástico". Continua nas mesas e, pelo visto, por séculos dos séculos, amém.
Uma pena que o sal não venha mais em saquinhos de algodão. As estopinhas agora, são feitas de algodãozinho comprados nas casas de fazendas...
E, será que ainda se fazem as estopinhas???




O Sal Ita, ainda hoje, na casa de Teresa.


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Saco de Pão




Amo esses antigos sacos para pães bordados com motivos bem simples em bom algodão. 
Minha cozinha está equipada com o que tem de mais... antigo!
O pão fica mais gostoso guardado no saco.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

Movimento Retrocesso.


Coisas da Globerama, a Enciclopédia de Conhecimento Ilustrado que me dá tanto prazer só em ver as ilustrações de um mundo que passou. Um mundo de conhecimentos científicos que deu lugar a emburrecimentos e mistificações. O Globo, parece que resolveu girar para trás, em 
Movimento Retrocesso.




segunda-feira, 24 de agosto de 2020

São Bartolomeu


24 de Agosto, dia de São Bartolomeu, o Senhor dos Ventos, aquele que leva pra longe as coisas ruins, varre, rodopia, dissipa. Desanuvia. Refresca em altas aragens, nada de ventinho. Vento mesmo. Ventão. Ventania. Quem pode com o vento de agosto? De bom alvitre não sair pro mar. Periga se perder.
Hoje, aniversário de minha mãe. Nasceu danada como os ventos de agosto. E continua. Muito agostos mais para ela.
E Salve, São Bartolomeu!

domingo, 23 de agosto de 2020

Um Jabuti de Poty

Até que rimou. Um Jabuti abrindo a letra J de um antigo dicionário da Língua Portuguesa com  ilustrações de Poty.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Princesa Isabel

Da postagem anterior não resisti em recortar a imagem da Princesa Isabel. O vestido, uma maravilha em negro com sobrecapa também negra contornado com franjas ou pele. Carregava uma sombrinha e uma pequena bolsinha - uma trousse - deveria trazer também. Não sei se na época dessa foto ela já estava em Paris no exílio. Aqui no Brasil um vestuário desses era ou deveria ser morte certa. 
E de qual tecido teria sido feita tão pesada veste? Um tafetá chamalotado? Um gorgorão de seda? E imaginemos o "recheio" para dar todo aquele volume na roupa: a combinação, anáguas mil, o califon, as meias presas com o atilho. Sobe um calor só de pensar na quantidade de fazendas. E ainda tinha um chapéu de pala e froufrous descendo pelo pescoço e compondo o decote.
Amei a Princesa Isabel tão elegantemente vestida.
E amei delirar e viajar com a roupa dela.





quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A Letra Cursiva


Ótima matéria sobre o "fim" da letra cursiva, que guardo há muito tempo. Para não se perder e para quem se interessar sobre o tema, deixo ela aqui.
O texto - A Mão Ativa o Cérebro - foi escrito por Luís Guilherme Barrucho para a Veja, julho de 2011.
E os cérebros estão cada dia mais desativados.


domingo, 16 de agosto de 2020

Renda de Sianinha


A sianinha é um enfeite para roupas - "ondinhas copacabana" -  de uso muito comum em barrados para toalhas e panos de cozinha, nas roupinhas para creanças, nas fantasias de carnaval, nas caipirinhas de São João. Cafona, terrível nos modos em que é utilizada, alternando em cores e espessuras para ornar qualquer coisa, não é um recurso que se diga de bom gosto. Mas...mas...
Ao ver este trabalho acima e muitos mais feitos com a simplória sianinha, a partir dela e com o auxílio do crochet e também de bordados, as tão medonhas sianinhas se transformam e se tornam - ou melhor, se tornavam, porque ninguém mais faz esse tipo de trabalho - em rendas de altíssima qualidade estética para o vestuário e de bom gosto indiscutível.
Hoje a sianinha não é usada assim, tão linda, mas se alguém - "uma santa criatura" - reabilitasse esse uso maravilhoso das sianinhas e elas estariam facilmente nas passarelas da moda, usadas como renda e um recurso de luxo em roupas femininas.
Quem quiser ver mais preciosidades feitas com a humilde sianinha, que entre no Facebook na página do Acervo de Nina Sargaço. Lá tem sianinhas aplicadas nos tradicionais trabalhos brejeiros e populares ( os antigos eram lindos! ) e também os de luxo, como nesta renda da imagem. 
E muito mais coisas incríveis se encontra lá, além das sianinhas.
Nota: as sianinhas de antanho eram todas de puro e bom algodão. Acho que as de agora são de puro petróleo.



quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Elis Regina . Programa do Show Transversal do Tempo . 1978


Encontrei por esses dias este programa do show de Elis Regina, o Transversal do Tempo. Uma surpresa total!!!! 
Adorei na época, o disco do show, mas o disco anterior, o Elis, eu não curti. Como imaginei que o show Transversal do Tempo teria como base as músicas daquele disco, não me interessei de ir ver o show quando ele foi apresentado aqui em Salvador, no Teatro do ICEIA.
O Elis de 1977, eu achei um disco pesadíssimo, triste, encucado, como estava a cabeça de Elis naquele período. O Brasil não estava nada fácil também, principalmente para alguns artistas como ela. Então, fazer um disco e um show altamente engajado politicamente, reivindicatório era o que Elis queria fazer e fez. O show era ou foi a contribuição de Elis Regina, como artista e como pessoa, para falar sobre o Brasil daquele momento, como ela via aquele momento.
 Hoje eu entendo o show como um alerta para a desintegração, a desvalorização do país e da sua natureza, de suas matas, animais, índios, o povo simples, o operário, a massificação, os trabalhadores no qual ela estava incluída, sufocada e engolfada como artista, vivendo na "selva das cidades" e lutando para sobreviver.
Sim, voltando. Não quis ir assistir ao Transversal do Tempo. Estava eu, também, "de férias de Elis Regina", como disse Caetano Veloso na época. Ele - com toda razão - não curtiu a forma como ela interpretava a música Gente, meio que ridicularizando a letra. Elis estava sem humor naquele período. Se a música não fosse engajada, ela achava fútil. Gente se fosse cantada seriamente não destoaria do todo do show, afinal e no final, o povo brasileiro quer brilhar mesmo, existir e não morrer de fome. Viver com dignidade. Mas Elis, ou quem orientou ela na direção do show e na elaboração do roteiro, não viu ou não quiseram que ela visse qualidades na letra de Caetano.
E eu não fui ver o show com meus amigos, lá no teatro do Barbalho. Depois eles me falaram maravilhas, tipo "você perdeu etc. e tal. "ela estava uma loucura", "cantando divinamente, pra variar, afinadíssima"..."cantava uma música num tom altíssimo e correndo de um lado pro outro do palco - a música Corpos de Ivan Lins e Vítor Martins - sem parar..." achei uma loucura... só Elis mesmo pra fazer tal feito. E sem desafinar.
Mas nada me abalou. Quando o disco ao vivo saiu eu fui logo comprar e adorei. Que ódio!!! Eu deveria ter ido kkkk, com certeza, vendo o show,  minha resistência iria ter fim, nocauteada pela maravilha de ver Elis em cena e cantando com aquela vontade e gana que ela tinha quando entrava no palco.
Mas, Elis, sempre mudando e partindo pra outras, no disco seguinte o Essa Mulher, - ela já era uma nova Elis, uma nova mulher - já me arrasou, já caí de 4, me enlouqueceu e o show seguinte no TCA eu não perdi.  
E aquela foi a primeira e última vez que vi Elis Regina ao vivo.







 Uma máquina Hermes - sou o feliz possuidor de uma até hoje! - e um Caravan. Carro imenso que dava para mil famílias. E o cachorro. Coisas da época na transversal do tempo. Ainda nem se imaginava, em 1978, um computador nas casas, corriqueiro como um liquidificador, internet, cruzes!, celular...ficção, misericórdia! Creio em deus padre! Hoje a gente vive o final do tempo. Nada de bíblico pelo amor. Final de linha. O tempo se esvai e se consome e não temos tempo nem de refletir se estamos numa reta ou numa transversal, o momento anterior, o que foi? e o seguinte, o que será? não temos ideia. Nem causa e consequência tem resultado, não dá em nada e se der, nada. É um final nada. Nenhum. Embaralhou o meio de campo e segue assim. Melhor seguir - vamos! - senão ficamos...ficamos? como? As coisas que eu sei de mim?
Caminhemos, talvez nos vejamos depois.
Talvez nos vejamos, quem sabe. 
Quanto tempo. Pois é. Quanto tempo.


sábado, 1 de agosto de 2020

Passando Uma Costura na Máquina . Bordando com a Linha do Tempo


Amo uma máquina de costura antiga de pedal. Cresci vendo minha avó bordando na máquina e eu, ficava ao lado olhando aqueles movimentos lentos dela controlando os pontos para não sair do risco, movimentando o bastidor com calma para sair um belo trabalho.
Tenho uma máquina dessas e faço umas coisas rápidas, passo uma costura, "bato" uma bainha e só. E eu adoro quando tenho que fazer esses simples trabalhos. O barulhinho da máquina me acalma e hipnotiza, entro num transe e me transporto para um lugar bom, calmo e tranquilo, assim como era o jeito de minha querida avó, Ascenção.
Gravei o barulhinho da máquina hoje quando "passei uma costura" na minha Pfaff 30.
( A pintura acima eu esqueci de "assentar" o nome do autor. Quando eu encontrar coloco o nome dele aqui. Minha avó costurava pouco, ela bordava para ela, para presentear e também para vender. Nunca foi de cair exausta em cima de uma máquina como esta moça da pintura e como muitas costureiras que eu conheçi que sustentavam uma casa com o trabalho da costura. E ficavam exaustas, com dores de cabeça, enxaquecas depois de cortar, alinhavar, costurar, fazer as provas e depois, pressionadas pelas freguesas para entregar o suado trabalho no dia combinado. Recebiam o dinheiro e tudo começava novamente. Um árduo trabalho, mas, mais digno que este eu não sei! Hoje, eles e elas não querem mais costurar. A profissão de alfaiate acabou. A de costureira, idem. A menina de hoje não quer costurar, "puxa muito pela cabeça", é preciso raciocinar e não sabem matemática, as quatro operações fundamentais e, a costura, é cálculo, é projeção, matemática! 
Já era, então! Tá difícil!).


A minha Pfaff. E o som dela.






Acima, uma sonhadora e encantadora senhorita sentadinha na sua Pfaff em momento/descanso. Costureira de "mão cheia", ela passaria, em seguida, boas horas aviando as suas costuras na magnífica Pfaff. Tinha boa freguesia, costurava para senhoras do mais fino tracto, senhoras de prol!
E John Lennon, abaixo, passando uma costura na sua boa Pfaff! Ele, aliás, era costureiro e alfaiate e, nas horas vagas, era também cantor e compositor de um grupo vocal que fez relativo sucesso na Inglaterra onde nasceu. 
E tenho dito!