sábado, 15 de julho de 2017

Brigitte Bardot . 1968


Vamos Crochetar?


O mundo se acabando, a reunião em família pegando fogo, o papai orientando as leituras dos filhotes e ela enseguerada, ligada no crochê. O jantar já acabou, os pratos já foram lavados, não há televisão no pedaço, então vamos crochetar! Acompanhar o marido e a prole caladinha, concentrada no trabalho de agulha. Ouvidos antenado, mas, perder um ponto, jamais!
Gostei de tudo nesta foto de uma antigo livro católico - "A Tua Religião na Tua Vida" de 1959, a começar pelo tom burro quando foge meio pro cinza esverdeado e já esmaecido pelo tempo da photografia. 
A decoração espetacular de classe média legítima, a mesa redonda com uma toalha adamascada com estampa - parece-me - de motivo chinês - recolocada depois do jantar em um tira e bota -, os meninos concentradíssimos - fariam provas no outro dia? - o papai carequérrimo e sisudo dando apoio e suporte técnico pedagógico. 
E a mamãe no crochê.
A tênue, leve e meiga cortina cobrindo a janela e mimoso quadrinho pendurado na parede com familiares em pose. Mas, ó, céus!!!! Há um cinzeiro em cima da mesa!!!! Os petizes já fumavam, é isso? O papai? Ou a fumante era a mamãe, a prendada crocheteira??? Que hábito desagradável, não é mesmo, meus amigos, não combina com o ambientch tão normal e salutar.
O cinzeiro é lindo. Eu daria a minha vida por ele, cinzeiro cafona de louça com belos desenhos de época e detalhes em ouro. Que lindo! Aliás, a normalidade desta foto é linda. 
Que família linda, exemplar e unida, unida na leitura, no cigarro e no crochê.






A roupinha da mamãe é linda, escura, mas tem um lindo babadinho estampado que desce pelo ombro quebrando a sisudez e dando uma vida. Um amor. 
O crochê que ela tá fazendo deve ser daquele tinhoso, ponto difícil, torturante, daqueles que acabam com as vistas, mas ela segue irada e louca para acabar o paninho. E dane-se as vistas.