quinta-feira, 21 de maio de 2020

Chita . Que Chita Bacana!




Este é o catálogo da exposição sobre a chita, que contava toda a história e trajetória do tecido desde a Índia, passando por Portugal e chegando ao Brasil onde virou uma marca da região Nordeste do país, usada pelas pessoas em suas roupas, como tecido para decoração de casas, como tecido para bordados de aplicação e de festas folclóricas. 
A chita é um tecido alegre, vistoso, enfeitativo que se presta para tudo e que sempre tem o seu uso renovado, reinventado e que se presta a mil e uma utilidades. A exposição, linda, nem sei se no Brasil de atualmente se faria uma tão grandiosa e abrangente sobre um tema como foi esta da chita. Foi perfeita.
Vários artesãos mostraram várias formas de uso da chita e seus trabalhos. Me lembro de uma colcha tipo chenille com tiras do tecido cortado enviesado, costuradas juntinhas e desfiadas resultando num  um trabalho magnífico. Outras colchas de retalhos e de "fuxicos", lindas.
Um "paletot" usado por Chacrinha.
Mil trabalhos lindos em roupas e artesanato feito com a chita.
Chita, para quê te quero? Para tudo.
De um local ao outro da exposição atravessava-se por túneis feitos de chita. Logo na entrada, impressionava o tamanho dos cilindros imensos de cobre ou bronze onde eram prensados os tecidos para serem estampados. Uma coisa!
Guardei este catálogo desde a época em que vi a exposição em São Paulo em 2005 e, "nesses dias", achei e, eis ele aqui, escaneado em partes para que se possa  ler melhor. 
Quem não viu pode ver agora.




 Infelizmente há um bom tempo para cá, as chitas são fabricadas quase 100% sintéticas. Antes eram em puro algodão que dava textura agradável e maciez no toque e no uso. A maioria dos trabalhos apresentados na exposição - e os mais incríveis - tinham sido feitos com a chita da época em que era usado o puro algodão. 
As estamparias também mudaram atualmente, as mais intrincadas, as miudinhas e delicadas não há mais. Agora são as flores imensas cada dia maiores e também mais pobres esteticamente, com as estamparias num exagero desproporcional até.







Esse vestido acima, lembro, tinha a legenda mais ou menos assim: "vestido usado por Marília no dia do seu casamento com Moraes Moreira. O vestido tinha aplicações de chita recortadas, o rosa da saia e o azul do corpo do vestido deviam ser tingidos e o tecido base era um algodãozinho super macio. Vestido lindo, super bonito, super bem feito. 
Não sei quando eles se casaram, mas deve ter sido nos anos 70, década em que a chita - redescoberta - foi usada demais na moda e em acessórios. O algodão puro e a chita eram tecidos base da "moda hippie"ou moda jovem da época. Todos e todas usavam e era o tempo das chitas verdadeiramente lindas, de puro algodão e com as elaboradas estamparias.
A chita era um tecido de transgressão e de afronta também. De afirmação e de postura do jovem. E de querer usar o brasileiro. É de pobre, vou usar, é barato, vou usar, é lindo, quero usar, é popular, vou usar, por que não usar?
Usava-se e ousava-se. Marília casou de chita com Moraes Moreira e deve ter "causado", arrasado na época.






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