terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Cine Popular . Salvador


Esta primeira foto é dos anos sessenta, no detalhe que fiz abaixo, dá pra ver que estavam "levando" Terra em Transe de Glauber Rocha. A fachada mudou um pouco em relação a dos anos 70. É de nota a elegância do porteiro vestido em paletó e gravata, chiquérrrrrrrrimo!

 Nas minha andanças pela Velha Bahia, encontrei "na chon" das suas ruas, o livro A arte de ter um ofício - Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, 1872 - 1996, resultado da dissertação de mestrado da professora Maria das Graças de Andrade Leal. A pesquisa feita pela autora conta toda a história do antigo Liceu da Bahia, local de ensino de vários ofícios para crianças e jovens de Salvador. 
Construção belíssima que, além das oficinas em imensos galpões, abrigava em seus ricos salões coleções de obras de arte, quadros e esculturas, a biblioteca, além das imagens sacras da sua capela interna. Infelizmente um incêndio destruiu o seu interior e quase tudo virou pó. 
A construção foi posteriormente restaurada, assim como o que restou do seu acervo e sendo reaberto depois.
Atualmente eu nem sei a quantas anda o Liceu e o que ainda está em funcionamento por lá. Espero que tenha ainda alguma serventia ou abrigue, ao menos, um memorial do antigo Liceu. Se estiver fechado, é mais uma coisa a se lamentar nesta Velha Bahia de meu deus.
Bem, mas o que me atiçou para a compra do livro foram as fotos do Cinema Popular que, como o Cinema Liceu, este considerado durante muito tempo o mais chique e frequentado pela gente bem de Salvador, funcionavam nas dependências do Liceu de Artes e Ofícios.
O "Cine" Popular eu frequentei muito, aliás, eu e toda a minha turma da época, ligadíssima em filmes de arte, os chamados filmes de autor, filmes não comerciais. Lá eu vi muito filme bom, não me lembro quais, mas tudo que passava por lá era de qualidade, filmes que não davam bilheteria justamente por não serem populares, aqueles difíceis, herméticos. Paradoxo: o impopular era exibido no Popular.
O cinema ficava em uma rua do "brega", rua estreitinha na  quebrada de uma ladeira e atrás do Liceu, mas, mesmo assim, todo mundo ia lá e não era nada amedrontador ou tenebroso se compararmos com o que acontece nas vielas do centro à noite atualmente. Violência nunca ocorreu com os frequentadores habituais do Popular.
Eu amei essas fotos e comprei o livro já pensando em escanear pra colocar aqui. Há quantos anos eu não me deparava com imagens tão boas do Popular.
Torno a dizer que não tenho saudade de nada, meu blog não é saudosista apesar de falar do que passou, mas Salvador, já foi tão mais legal, a cidade tão mais humana e com pessoas inteligentes e cultas, como as que frequentavam o antigo Cine Popular.


Esta segunda foto é dos anos 70, década em que eu fui muito ao Popular. A fachada tinha sido um pouco modificada. 
Eu fiquei em transe com estas duas fotos!!!!

 Detalhe da foto anterior onde dá para ver as vitrines externas com as fotos dos filmes - vitrines de vidro e que ninguém jamais quebrou, se fosse hoje... - a bilheteria, a pequena sala de espera com fotos de futuras exibições. Tudo simples, tudo limpo, tudo ótimo!


Um dos filmes que vi no Popular, tijolinho /anúncio  de jornal recortado e colado em um de meus álbuns. Este deve ser dos anos 70
Já achei um outro recorte tipo esse e depois coloco aqui.

(Abaixo, parte do texto do livro sobre a história do Popular).