sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Aguardente de Cana Jacaré e o Edifício Jacaré

Quando eu era criança, tinha um prédio na Av. Fernandes, na Cidade Baixa, conhecido como Edifício Jacaré.
-Onde você mora?
- No Jacaré.
-Você vai pra onde?
-Pro Jacaré.
O edifício de 10 andares, na verdade, tinha o nome de Colon, mas, porque tinha em seu teto, e em destaque, uma propaganda da Aguardente Jacaré, o nome passou a ser Jacaré mesmo. 
O anúncio, uma estrutura circular de ferro, dava para ver e ler de onde se estivesse: J A C A R É.
Lembrei disso hoje, revisitando o meu arquivo de "bobagens" que me remeteu à minha infância e adolescência e aos amigos queridos onde ia me reunir com eles no... Jacaré!
Não passo lá há séculos e não sei a quantas anda, hoje, a denominação, a troca sobre o nome do edifício, se continua Jacaré ou adotaram o Colon, seu nome verdadeiro.
Lembranças do Jacaré: Os apartamentos eram de dois e três quartos. Enormes. Os de três, passava uma coluna do prédio pelo meio da sala, o que era super bonito e charmoso. Todos com saletas, cozinhas enormes e áreas de serviço idem. Construção típica dos anos 50/60? quando havia essa expansão de espaços lembrando o das antigas  e amplas casas.
Era o tempo do Jacaré.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Minha Clemens Muller. Vamos Costurar?






Uma das coisas que mais gostei de comprar ultimamente foi esta maquina de costura alemã, Clemens Muller - modelo 1890 - e, o melhor, funcionando!!! aguentando o tranco para um novo século, costura que é uma beleza!!!!
Comprei de um amigo que ia viajar, a máquina era da avó dele e estava parada há anos. Verdade. Estava suja, com muita sujeira grudada por causa do uso dos óleos de máquina e deu um trabalhão para retirar aquela graxa que se formou. 
Depois de lubrificar toda e colocar mais óleo próprio, ela ficou perfeita. Estou pensando até em aceitar umas costuras de encomenda para aumentar os meus parcos rendimentos.
Alguém se habilita?
Para manter a máquina sempre livre de poeira encomendei uma cúpula de acrílico e ali ela fica sempre em exposição - adoro olhar para ela! - e sempre disposta ao trabalho.

sábado, 25 de janeiro de 2020

Noelza Guimarães

A bela Noelza fotografada por Antonio Guerreiro
Os dois se foram ano passado, ela em abril e ele em dezembro. Devem estar fazendo altas sessões de fotos lá em cima.
A fotografia é uma coisa maravilhosa, cristaliza no tempo um tempo que se foi e, Noelza Guimarães, aqui nesta imagem, está "suspensa" num tempo em que ela era um deslumbramento ambulante no Rio de Janeiro elegante de outrora. E não tem muito tempo isso...as coisas degringolaram muito de repente...
Graças a Antonio Guerreiro, Noelza  está sempre presente. Linda.
Imortalizada. 
No presente. E no futuro.
A imagem aqui me foi enviada por uma amiga de Noelza.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Darwin Brandão . Cidade do Salvador, Caminho do Encantamento e Ilustrações de Carlos Bastos


Ontem procurando alguma coisa sobre o autor Darwin Brandão no Google, de quem acabei de comprar um ótimo livro sobre culinária baiana, suas histórias e receitas, me deparei com um outro livro do autor cujas ilustrações - lindas - são do pintor baiano Carlos Bastos.
Ai, como eu adoro encontrar livros, textos, desenhos, ilustrações, histórias, enfim, de uma Bahia que já não existe mais, cheia de mistérios, de encantamentos, de feitiço, de misticismo, religiosidade e alegria.
Do Google arrastei esses desenhos de Carlos Bastos feitos para o livro Cidade do Salvador, Caminho do Encantamento. Darwin Brandão não era baiano, era capixaba. Mas enxergou a Bahia melhor que muito baiano.
O livro de culinária que comprei chama-se A Cozinha Baiana, escrito em 1948. Foi revisto pelo autor, com acréscimos, para a reedição em formato de bolso das Edições de Ouro nos anos 50. Tem prefácio de Antônio Houaiss, gramático, dicionarista e apaixonado por culinária, ele próprio autor de um livro sobre o tema. Tem também o prefácio da primeira edição escrito por Edison Carneiro, baiano, estudioso da cultura negra e, um  texto/crônica de Paulo Mendes Campos.
Para completar o time de gente maravilhosa que contribuiu para o livro, o magnífico Poty fez as ilustrações.
A este livro de Darwin Brandão eu voltarei com outra postagem e aí, então, coloco os lindos desenhos de Poty.






segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

São Sebastião

De Reynaldo Fonseca este belo São Sebastião! O artista é de Recife, Pernambuco e nasceu em 1925.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Tecidos. Padronagens para Creanças


Dois tecidos com padronagens para creanças. Achei super bonitos os tucanos e comprei para fazer algum uso. Fiz um almofadão. É de puro algodão.



  Acima e abaixo,retalho de tecido antigo de não puro algodão com padronagem também para creanças, bem interessante, super bonitinha com  marinheiros e barquinhos.


Aliança


Ilustração da coleção Tempo de Saber, 1967.
-Por que usa-se alianças?

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Máquina de Costura à Manivela Clemens Muller e o Pilão


Há muito tempo queria comprar uma máquina antiga dessas de manivela. Outro dia segui um anúncio e comprei esta Clemens Muller, modelo de 1890 em um site de vendas. Como dava para ver ela estava perfeita, isto é, sem partes faltantes e costurando, "passando uma costura" numa boa, como se o tempo para ela não tivesse passado e estivesse jovem e pronta - ainda - para o que der e vier. 
Agora eu já posso "ganhar a vida", "costurar para fora", "costurar de ganho".

Na minha casa da infância não me lembro dessas máquinas, minha bisa só fazia crochê, o crochê irlandês, o tinhoso, complicado que é todo recoberto pelo meio ponto e parece uma renda. Alguma jovem do século XXI se habilita a aprender????
Mas, me lembro de uma vizinha, d. Tereza que tinha essa máquina de manivela e que eu estando por lá na casa dela a via  sentada a costurar com a sua máquina que eu achava uma coisa mágica, eu ficava fascinado com aquele invento e com aquele barulhinho gostoso. A máquina de costura sempre exerceu sobre mim um fascínio, pois cresci vendo minha avó debruçada sobre uma e eu achava incrível, um prodígio o que ela produzia.
Minha avó costurava, na verdade, pouco, fazia calçolas, fazia umas bainhas, lençois, remendava, consertava "dava entradas" em roupas que tinham folgado, uma pence aqui, outra acolá, coisa pouca, o forte dela mesmo era o bordado. Se sentava depois do almoço e bordava toalhas de mesa, panos de prato, centros de mesa, paninhos diversos e vendia. Aliás, no tempo das vacas magérrimas, quando a pensão dela de viúva foi quase a zero, a Vigorelli dela foi o sustento da casa.

Voltando a d. Tereza, a vizinha. Ela era uma senhora super pacata, calma, além de costurar fazendo as roupinhas dela - devia fazer calçolas, combinações e anáguas também - me lembro que, na Semana Santa ou nos dias em que se fazia comida baiana, caruru, vatapá, efó etc. ela se sentava na parte de trás da casa e sentada numa cadeira pilava o camarão seco, a castanha e o amendoim em um pilão de madeira pesadíssima. Me lembro que ela erguia o pilão e o deixava cair sobre o conteúdo a ser pilado, triturado, esmagado até se transformar em uma farinha. De quando em vez ela mexia o conteúdo com uma colher, colocava uma "nuvenzinha" de "farinha de guerra" para não ficar pastoso e tornava ao processo. O conteúdo ficava mais triturado e fino que em um liquidificador ou processador moderno. E assim ela ficava uma manhã inteira. 
Todos naquela época tinham o tempo ao seu favor, e não contra. Hoje a gente não dá conta do que se tem para fazer. É tudo corrido, a toda brida passa o dia, a semana, os meses e o ano.



Lá em casa também tinha os seus dias de pilão. Nos dias de comida de azeite, pilava-se os ingredientes de véspera porque era muito trabalhoso o pilar. Quem fazia o santo e penoso trabalho era a minha tia-avó, Diva que só se dava por satisfeita quando tudo virava um pó fino que sumiria dentro das comidas depois de cozidas. Caruru e vatapá com granulado, nem pensar! Alguém dia logo: tá mal feito! O vatapá era um manjar, tremia na terrina inglesa de minha avó. Aliás, o aparelho inglês de minha avó saía para uso nesses almoços da Semana Santa e nas canjicas do São João, depois, direto para a cristaleira!
O pilão tinha em todas as casas, ficava encostado em um canto da cozinha durante longo tempo até que um dia ele era o instrumento mais precioso, a estrela na preparação da comida.  Esculpido em um pedaço único de madeira grossa e escura, de lei, era rústico, geralmente comprado na feira. O machucador era grosso e pesadíssimo!!! Eu, muito criança nunca consegui manejar, nem carregar aquilo que era muito pesado. Os pilões com o tempo iam ficando gastos, carcomidos de tanta porrada, as beiradas amassadas, e o interior liso - das porradas. E ficavam lindos assim, usados, manejados, gastos pelo tempo, por uma vida, pois duravam anos e anos.
Não sei qual fim teve o pilão lá de casa. Aliás, sei, deve ter ido para o lixo, o liquidificador entrou e ele saiu.
Nos anos 70 me lembro que era moda colocar um pilão na sala para decorar e também umas gamelas enormes para colocar revistas. Eu achava super cafona, aquele pilão novo em folha, a madeira clara, não carcomido pelo tempo e pelas porradas. Uma porcaria.
 E tudo depois se modificou, o camarão, a castanha e o amendoim, mais a cebola, ficou sendo passados no liquidificador como é até hoje.
Mas, volto aqui: a máquina de moer carne também já se usava, e muito, para fazer o preparo das comidas de azeite. Passava o camarão seco, a castanha de caju, o amendoim, a cebola. Falei tanto do pilão e esqueci da máquina com suas peças de graduação fina e grossa usadas a depender do que se queria passar. O pilão entrava também na onda, mas a máquina de moer, chamada também de "moinho", era o que se usava lá em casa no tempo da minha infância.
Depois o liquidificador substituiu o pilão e a máquina de moer.

A Clemens Muller me fez retroceder no tempo em que eu fui creança nos anos 60.
E me deu uma vontade de passar uma costura - o que já tenho feito - e é uma delícia...de fazer uma calçola... e pilar no pilão!


Um Painel de Carybé Resistindo ao Tempo














Obra de Carybé, resistindo ao tempo, a tudo e a todos em uma entrada de um velho edifício no centro de Salvador. Eu já conhecia o painel, mas tinha anos que eu não o via porque a rua está totalmente poluída visualmente. Antes de contempla-lo tem mil coisas a atrapalharem a visão. A rua, atualmente, é tão movimentada que a gente passa e não vê nada com o mundaréu de pessoas a esbarrar na gente, a gritar, músicas altas...só eu mesmo para me desligar e dar de cara com este trabalho lindo de Carybé.
Carybé Resistência!


domingo, 12 de janeiro de 2020

Museu Lasar Segall

  Algumas fotos que fiz do Museu Lasar Segallfevereiro de 2019.
 Lucy Citti Ferreira, pintora brasileira, amiga e modelo de Segall.


 Nas paredes muitas fotos de amigos de Segall. A dançarina Mary Wigman está lá. Amei ela.

 A casa é linda, moderna, arejada, clara. Fica numa rua tranquila de paralelepípedos. Parece que não estamos em plena Vila Mariana, bairro movimentado de São Paulo.



 Na saída, não resisti e perguntei para o porteiro se Beatriz Segall, quando viva, visitava o museu de vez em quando...E ele me respondeu: ela morou aqui! A casa, chique e linda como a moradora.

Na frente do museu essas casas geminadas de dois andares, verdadeiras gracinhas. Modernas. Aliás, o modernismo está presente no quarteirão, bem pertinho dali está a casa modernista do arquiteto Gregori Warchavchik. Os muros são baixos, nem parece que estamos no Brasil emparedado e atrás de grades. Uma Quasmeira linda e roxinha me chama atenção, árvore muito comum em São Paulo que, aqui em Salvador, não vejo.


Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Ipoméias . São Paulo

 No caminho para a Casa Modernista e o Museu Lasar Segall, uma parada na Igreja de Nossa Senhora da Saúde. Bonita igreja, típica da sua época, primeiros anos do século XX. Bem conservada, limpa, tranquila, ótima para parar, respirar e rezar.
 E antes da igreja tem um caixote imenso de cimento, construção "moderna" de péssimo gosto e sujando a paisagem.
Imagens de fevereiro de 2019.

 Fios. Fios. Fios.

 Igreja das primeiras décadas do século XX, naquele estilo eclético - tudo misturado - revestida de durite que, ainda bem, não pintaram por cima, como fizeram aqui em Salvador com a Igreja dos Mares.






 Altar de Santo Antonio e São Benedito.
 Altar de São Nicolau Tolentino, santo de devoção de Santa Rita.


 Altar de Santa Rita.




 A igreja é do início do século XX. Bem ao gosto da época, eclético. Os anjinhos tem carinha dos anos 20/30.
 E no caminho para a Casa Modernista e para o Museu Lasar Segall tinha, também, um pé de Ipoméia vermelha, linda e subindo por uma árvore - um lindo Pau-Marfim - no meio do passeio. Cheia de sementes, peguei várias, plantei, nasceu, deu duas flores e morreu. A Ipoméia, deve gostar de clima seco e do frio. Não me deu ousadia de ficar em minha casa.