domingo, 3 de outubro de 2021

Produtos do Brasil


 Um texto para Leitura e Recitação que serve para Reflexão. Quantas frutas, legumes e raízes elencados neste Productos do Brasil que já desapareceram, sumiram do mercado, das feiras e das mesas do brasileiro. Saíram de moda, o gosto das pessoas mudou. Muitas dessas iguarias não são mais cultivadas ou, melhor, agora são cultivadas de maneira restrita em agricultura familiar de cultivo orgânico como  PANCs. Continuam vivas para quem quer e se importa com o que come.

 É uma tristeza isso, esse esquecimento de alimentos tão ricos e gostosos que simplesmente foram trocados por outros processados, caros e péssimos para a saúde.

Há muito tempo li uma matéria de Nina Horta para a Folha de São Paulo em que ela comentava o 'desaparecimento' do Mangarito. Em outra matéria do mesmo jornal, uma senhora paulista dizia que tinha saudades de muitas coisas da mocidade, entre elas a do Mangarito cozido, cozido na carne como a batata e que era uma delícia. Hum!!! vontade de provar!!

O Mangarito, vi outro dia aqui na net, voltou a ser cultivado, introduzido novamente nos lares, nos lares de quem quer comê-lo, trocá-lo pelo pão branco com presunto e queijo. O Mangarito são pequenas batatinhas que se cozinham e descascam depois. Será que é muito trabalhoso fazer isso, se dar ao trabalho de descascá-lo??? Mais fácil enfiar um pão na boca.

A Mangaba que é uma maravilha e tão comum em Salvador praticamente não existe mais para comprar. Tem Mangaba, freguês? - Não!! 

Como elas nascem, brotam naturalmente nos terrenos de praia ou litorâneos - cadê a Mata Atlântica??? - que estão todos loteados pelos empreendimentos imobiliários e pelas invasões, então, tchau Mangaba! Foi um prazer em conhecê-la, querida.

Araçá, já era. E tinha o Araçá Cagão, pequeno. Foram-se os dois. Ficaram as goiabas imensas, medonhas que nem cheiro têm.

O Caju, silvestre, fruta que marcava o verão, miúdo e delicioso da Ilha de Itaparica... cadê ele? Agora o Caju é de todo o ano, não só do verão, e enormes e sem graça.

O que será, hoje, do Cambucá - 'uma remota batucada' como na canção do repertório de Dalva de Oliveira. Nunca comi. Daqui do Nordeste não deve ser e, de onde ele é, será que ainda nasce? O Baco-Pari...muito prazer. Joazes...olá, rapazes! Mandapusá, oi! A  Ata, estou escrevendo aqui uma ata do já era. Taiobas sumidas, nem mais no efó que rareou também na mesa baiana de azeite. Dá muito trabalho picar, bater na tábua...

Eu adoraria comer, o Inhame Asselvajado, uma Junça, Mangaritos redondinhos...ui, que maravilha! Caraetê, Caraju. Cará Barbado não deve ter mais barba, pelo algum, coitado do imberbe Cará!

E o Morici? Nunca vi, nunca comi! Existe ainda neste  Brasil queimado de meu deus de 2021?? Do Morici lembro do ditado, 'é tempo de Morici, cada um que trate de si'. Nesses tempos de 'farinha pouca meu pirão primeiro', quem é que ainda de lembra dos Productos do Brasil?

Uns poucos, sim. 

Há ainda os pequenos agricultores que plantam e comercializam. Os resistentes.

 No mais, ou no tudo, são lindos os nomes das iguarias, todos eles de origem Tupi.

O lindo texto está no livro Língua Portuguesa de João F. Pinto e Silva de 1925.