A esses dois ateliers de moda, imagino quantos outros deveriam existir, já que o Rio era ótimo mercado de moda. Tenho conhecimento do ateliê de MMe. Selda Potocka, polonesa radicada no Brasil desde 1914 e de Lila Sirkis, outra polonesa, chegada aqui depois da Segunda Guerra e que, no Rio, abriu a Maison Liliane que foi um dos ateliers de moda mais prestigiados e requisitados pelas elegantes da alta sociedade carioca. D. Lila Sirkis, com seus noventa e tantos anos ainda vive. Sobreviveu à Segunda Guerra e à morte do filho, o deputado Alfredo Sirkis.
Interessante, e eu adoro, é o texto que descreve os modelos criados pelas madames e as recriações por elas de modelos de vestidos usados por atrizes famosas da época. Nem precisa dizer que fico babando com esses detalhes.
Esses cadernos de moda aqui, vão do início dos anos 40 aos anos 50, portanto, as madames tiveram muito trabalho durante décadas. Criaram, cortaram e costuraram como umas loucas. Havia mercado de moda.
Rainhas do ofício das agulhas e linhas.
No mais, não se discute com madames.
Sei que está em curso uma pesquisa sobre Mme. Selda Potocka. Outras pesquisas sobre outras 'madames' da moda poderiam ser feitas por alguém ligado ao ramo, estudantes de moda.
No livro Memórias de Velhos de Ecléa Bosi, uma das senhorinhas entrevistadas contou que, quando era mocinha, trabalhou para uma casa de costura e que, diariamente, fazia metros de bainha aberta. A dona era uma senhora, uma 'madame'. Em São Paulo também devia haver muitas modistas, as 'madames costureiras'.
Madame Campos tinha uma escola de corte e costura com método próprio desenvolvido por ela no Rio de Janeiro. Ela é uma outra profissional das agulhas e das linhas que poderia ser pesquisada por alguém que esteja desenvolvendo pesquisa sobre moda.
Madame Campos sempre estava como jurada nos desfiles de fantasia do Municipal e do Hotel Glória e onde mais acontecessem desfiles. Me lembro bem da figura de Mme. Campos, gordinha, super bem vestida e muito bem maquiada a abrilhantar a mesa do júri.
Pois é, lembrei-me das Madames Modistas que além de executarem um trabalho de excelência davam emprego às mocinhas costureiras, bordadeiras, as prendadas da época.
As Madames, na verdade, não querem que o samba acabe, elas gostam e também caem no samba, as Madames gostam que todas sambem, desde que bem vestidas pra não darem vexame!
-Inquieta!
-Espevitada!
-Mme. Spavièr nunca me furou nas provas!
-Aquela francesa! Volte pra maison dela, volte. E aqui você não trabalha mais! Ingrata!
-Ai, Mme. Ottra Mary! Eu sou uma pobre manequim!
-Malcriada, isto sim!
-Insipiente!
-Ai, Mme. Ottra Mary!
(ilustrações da coleção Horas Preciosas da Infância)
Lucille Norman, a rútila estrela cinematográfica, em lindo ensemble ineditamente guarnecido de botões...
Sobremodo elegante, o modelo duas peças usado por Rhonda Fleming na comédia cinematográfica O Gostosão.
Você é o salvador nesses tempos nebulosos...a
ResponderExcluirAi, meu deus! Eu ando fazendo das tripas coração para levar a vida, tá tudo muito difícil. Carmen não aguentaria passar por este momento tão tenebroso.
ExcluirFiquei um tempo sem postar e agora retomei pra dar uma animada no ambiente...
Um abraço.
A nossa eterna CARMEN deve estar dizendo no céu:"Amém!!!"
ResponderExcluirMme. Spavièr é a cara de Carmen!! KKK Obrigado, Cadu pelo elogio. Carmen foi um ícone do Rio elegante...o Rio se ressente de muitas coisas, entre elas, a falta de Carmen que só dava glamour e distinção à cidade.
ResponderExcluirTempos difíceis!
Bom tempo o de Mme. Ottra Mary e a Spavièr!
Abraços.
ANTIGUINHO que delícia ir passeando pela história de agulhas e da alta que costuram o tempo modelando tecidos.
ResponderExcluirMarly, muito obrigado! Também achei uma delícia ter encontrado as "madames modistas" e fazer esse post e lembrar através delas, todas aquelas mulheres maravilhosas que moldavam, costuravam e deixavam as clientes super bem vestidas e lindas.
ResponderExcluirImaginemos quantas delas existiram no Rio elegante do passado.
Um abraço.