Não é um trabalho fácil, pelo contrário! Envolve desenho, alinhavos, colagens dos recortes - talvez - a aplicação dos tecidos, os bordados para aplicação - o ponto cheio que não deixa o tecido desfiar - e os pontos de bordados variados para dar os detalhes e texturas por cima dos tecidos já fixados em uma base também de tecido.
Nesta obra acima, Ninette Van Vüchelen se deixou inspirar pela paisagem brasileira na exuberância das cores da mata com seus vários tons de verdes, pela claridade que vem de um horizonte ensolarado refletindo sua luz na profusão desordenada das plantas e árvores, sobre o rio de águas límpidas que corre tranquilo em um Brasil antigo, um Brasil que já se vai, já está desaparecendo com o desmatamento enlouquecido dos últimos anos.
Três figuras humanas estão no centro da paisagem, um homem e duas mulheres. São habitantes e trabalhadores da área rural, lavadeiras com suas trouxas de roupas para lavar no rio, todos eles integrados harmoniosamente com o ambiente.
Impressiona a escolha dos tecidos, para dar forma ao que a artista pretendeu: reproduzir com tecidos em variados formatos, tamanhos e cores e transformá-los em paisagem viva de plantas pequeninas, às frondosas árvores com suas copas de muitos matizes, as bananeiras, as samambaias, o emaranhado de folhas onde transitam os anônimos brasileiros em seu cotidiano simples.
Foi essa luz e essa paisagem que encantaram o cenógrafo Tullio Costa que trouxe para morar com ele aqui no Brasil a sua esposa Ninette Van Vüchelen que, junto com o marido, se tornaram brasileiros de coração.
E tudo terminava em um trabalho perfeito, com um acabamento simples e primoroso.
Ninette Van Vüchelen tinha talento, engenho, arte e paciência para executar tantos trabalhos contidos em uma única obra.