Passei por esta casa e vi um movimento de operários e pensei, vão demolir! Tratei de fotografar, mas, algum tempo depois, lá estava ela toda pintadinha de novo no seu vermelho, o vermelho que parece ser o original, realçado, avivado e, então, imagino que a demolição que virá, com certeza, não será de imediato.
Que bom!
Eu amo esses adornos de fachada moldados em cimento que dão ideia de um balcão sob a janela. Enfeitam, embelezam. Pintados, ressaem os desenhos de flores e guirlandas tão bonitos e de gosto tão nostálgico...quem morou ali, quem era a família que viveu ali os seus dias até vendê-la para alguém que não a usa como morada - a casa parece ser de alguma instituição e funciona como uma repartição, sei lá.
Quem ali viveu bons e dramáticos acontecimentos?
Lembro da crônica de Hidelgardes Vianna que descrevia as casas de antigamente e o "janelar" todos os dias dos seus moradores, pelas mocinhas e tias velhas apreciando o movimento da rua. Para "janelar" bem e por muito tempo se usava uma almofadinha para não machucar os cotovelos. Tinha muita coisa para apreciar...Nas procissões e dias festivos estendia-se uma toalha adamascada.
E assim seguia a vida de quem fazia da janela uma tela de cinema.
Foi-se esse costume tão prosaico e, hoje, fazer uma janelada pode resultar em incômodo, assalto, invasão da casa, um deus nos acuda qualquer. Socorro! Tempo tenebroso como me dizia um amigo e tão diferente do ingênuo tempo do "janelar" das antigas casas de família.
Participação especial, a fiação da iluminação pública que tece verdadeiras teias e emaranhados sem fim e poluem visualmente toda a cidade. Um horror! Os fios são tantos que se destacam mais que o objeto fotografado. Socorro!