Esse título daria uma ótima fábula com fundo moral.
O que diria o Arranha Céu para o Bangalot ???
- Eu estou aqui queridinho, altíssimo, de cabeça erguida a olhar para você aí embaixo, no rés do chão, varrido por poeira, sujinho, pobre...
- Mas, oh! responderia o Bangalot, eu existo tão simplesmente e feliz que não preciso me fazer notar como você, que adora viver nas alturas para parecer ser mais que os outros. Vivo bem no plano. Sou pobrete, mas sou limpinho, sou varrido todos os dias, enquanto você...
-Ora, Bangalot, é evidente que aqui em cima há mais conforto, elegância, refinamento, qualidade de vida, você me entende????
-Ai, Arranha, que cafonice! Refinamento rima com sofrimento. Lembra daquela música que Dalva cantava..."no segundo andar daquele arranha céu, tem alguém a chorar, tem alguém a chorar..." aqui querido, temos tanta coisas pra fazer e pensar que não temos tempo de chorar.
-Bem, Bangalot, fiquemos por aqui, cada qual no seu cada qual, não é mesmo, eu nasci assim, de nariz em pé, que posso fazer... vamos levando a nossa vidinha, não é mesmo, sem briguinhas e intriguinhas. Quando tiver um coquetel, uma festa, um banquete eu te convido, ok?
-Ok, Arranha! À propósito, amanhã é domingo e vai ter uma rodinha de samba aqui... se você dignar-se a descer das alturas, irei recebê-lo numa boa. Levanto o braço e te ofereço uma batidinha de limão, combinadinho???
Ok, Bangalot, combinado. Mas vou levar uma champanhota para brindarmos a tudo o que nos separa e nos une, certo? Troquemos drinks.
E paro por aqui, porque não sei se vou encontrar a moral desta história. No mínimo que há entendimento na diferença.
E o que me levou a escrever essa histórinha foi a linda ilustração da Enciclopédia Globerama, Tesouro de Conhecimentos Ilustrado, edição de 1962, que eu adoro e volta e meia coloco imagens aqui.
...tem alllllguém a chorar, tem alllllguém a chorar...
daquele arranha céu...