Ano passado, um vizinho me deu duas imagens que ele guardava há muito tempo e nunca tinha colocado em sua casa: um São Roque e este Deus Menino. Que presente! Quase dou um treco! Entrei em transe, êxtase místico, me tremi, quase me ajoelho para agradecer. Enlouqueci com o Deus Menino de 31 cm, escultura perfeita, lindo e bem preservado.
Fui a um marceneiro e encomendei um cubo de 7/7 de vinhático para servir como base/peanha. Vi num antiquário da rua um monte/peanha, mas não queria fazer uma cena maior e nos conformes com o meu Deus Menino, queria ele assim, nu, em cima de um cubo simples que iria realçar a beleza da escultura.
Coloquei logo em minha sala - em local improvisado - porque queria passar sempre por ele e dar uma olhada e, Ele, é claro, me olhar também... Apaixonei-me pelo Menino Deus perdidamente.
Para evitar poeiras e outras coisinhas más, providenciei um vaso de vidro, desses que se usa para fazer arranjos de flores como proteção, pois as cúpulas e redomas deixaram de fabricar e, as que ainda são vendidas na praça, são mais caras que os santos que venham abrigar.
Deixei ele nuzinho dentro do vaso/cúpula/redoma em um local que, sei, ainda não é o definitivo, mas o queria à vista, bem à vista.
Ontem me lembrei que um amigo, Walter, tinha me dado há muitos anos, uma roupinha para um Deus Menino e que eu guardei em uma caixinha. Pois bem, a roupinha caiu como uma luva, parecia que tinha sido feita de encomenda para ele. Vesti, "compus" o Deus Menino e ficou ótimo! A roupinha está bem amarelada, o tecido manchado pelo tempo, mas é assim que eu gosto, talvez eu dê uma passadinha de ferro só para esticar o tecido e a renda, mas lavar, não. O bordado é lindo, bolinhas bordadas em ponto cheio e, outras, vazadas e contornadas com ponto simples, não o ajour.
É isto!
Passado um tempo, dei para o meu vizinho querido em retribuição, uma travessa inglesa com decoração de flores que eu guardava há séculos e nunca soube onde colocar. Ele amou e arranjou logo um posto na parede do apartamento dele. E o Deus Menino, que ele não sabia como usar, acabou em minha companhia, em meu coração e em destaque na minha sala.
E assim, tudo se ajeitou, as pedras rolaram e acharam os seus paradeiros.
Elegantérrimo! Será de Poiret a roupinha dele? Não, deve ser de uma prendada de mãos de fada e nascida na Bahia mesmo. As bolinhas vazadas ficam só na frente, as outras são cheias. E o bico rendado é francez, com certeza.
Por enquanto vou mantê-lo vestidinho. De vez em quando, deixarei nu. O que importa é que já está protegido pelo bendito vaso/redoma de vidro.
Abaixo, outros Deus Meninos que tenho aqui em casa - todos já postei aqui. O primeiro coloquei em uma madeira pregado com cola leve e coloquei na parede. Walter me deu a ideia de pintar a base de madeira em azul rei, colonial, mas preferi não mexer com tinta, vai que eu me arrependo e retirar tinta é um porre. Mas, ficaria bonito.
Os dois abaixo estão em uma estante/vitrine que, eu acho, será o local onde deverei colocar o meu novo Deus Menino. Mas, antes preciso apartar muitas velharias que ali já estão abrigadas.