segunda-feira, 12 de julho de 2021

Mme. A. M. Spavièr e Mme. Ottra Mary - Duas Modistas na antiga Capital Federal


No caderno de moldes do Jornal das Moças - aqueles enormes que vinham com os riscos dos vestidos - dois nomes me chamaram a atenção, o de Ottra Mary - fundadora da Escola Regis - e A. M. Spavièr, duas madames, duas modistas, suponho estrangeiras, de origens polonesa ou francesa e que tinham seus ateliers estabelecidos no Rio de Janeiro, na época, a Capital Federal e centro da moda e da elegância. A vitrine do Brasil.
A esses dois ateliers de moda, imagino quantos outros deveriam existir, já que o Rio era ótimo mercado de moda. Tenho conhecimento  do ateliê de MMe. Selda Potocka, polonesa radicada no Brasil desde 1914 e de Lila Sirkis, outra polonesa, chegada aqui depois da Segunda Guerra e que, no Rio, abriu a Maison Liliane que foi um dos ateliers de moda mais prestigiados e requisitados pelas elegantes da alta sociedade carioca. D. Lila Sirkis, com seus noventa e tantos anos ainda vive. Sobreviveu à Segunda Guerra e à morte do filho, o deputado Alfredo Sirkis.
Interessante, e eu adoro, é o texto que descreve os modelos criados pelas madames e as recriações por elas de modelos de vestidos usados por atrizes famosas da época. Nem precisa dizer que fico babando com esses detalhes.
Esses cadernos de moda aqui, vão do início dos anos 40 aos anos 50, portanto, as madames tiveram muito trabalho durante décadas. Criaram, cortaram e costuraram como umas loucas. Havia mercado de moda. 
Rainhas do ofício das agulhas e linhas.
No mais, não se discute com madames.
 





Sei que está em curso uma pesquisa sobre Mme. Selda Potocka. Outras pesquisas sobre outras 'madames' da moda poderiam ser feitas por alguém ligado ao ramo, estudantes de moda. 
No livro Memórias de Velhos de Ecléa Bosi, uma das senhorinhas entrevistadas contou que, quando era mocinha, trabalhou para uma casa de costura e que, diariamente, fazia metros de bainha aberta. A dona era uma senhora, uma 'madame'. Em São Paulo também devia haver muitas modistas, as 'madames costureiras'.


Fiz essa postagem há dois dias e, pensando nas Madames Modistas, me lembrei primeiramente da pesquisa sobre Mme. Selda Potocka em andamento e, hoje, lembrei de uma outra Madame, a Campos
Madame Campos tinha uma escola de corte e costura com método próprio desenvolvido por ela no Rio de Janeiro. Ela é uma outra profissional das agulhas e das linhas que poderia ser pesquisada por alguém que esteja desenvolvendo  pesquisa sobre moda.
Madame Campos sempre estava como jurada nos desfiles de fantasia do Municipal e do Hotel Glória e onde mais acontecessem  desfiles. Me lembro bem da figura de Mme. Campos, gordinha, super bem vestida e muito bem maquiada a abrilhantar a mesa do júri.
Pois é, lembrei-me das Madames Modistas que além de executarem um trabalho de excelência davam emprego às mocinhas costureiras, bordadeiras, as prendadas da época.
As Madames, na verdade, não querem que o samba acabe, elas gostam e também caem no samba, as Madames gostam que todas sambem, desde que bem vestidas pra não darem vexame!









-Ai, Mme. Ottra Mary, estou toda furada com esses alfinetes!
-Inquieta!
-Espevitada!
-Mme. Spavièr nunca me furou nas provas!
-Aquela francesa! Volte pra maison dela, volte. E aqui você não trabalha mais! Ingrata!
-Ai, Mme. Ottra Mary! Eu sou uma pobre manequim!
-Malcriada, isto sim! 
-Insipiente!
-Ai, Mme. Ottra Mary!
(ilustrações da coleção Horas Preciosas da Infância)


















Mme. Ottra Mary, brilhante modista...


Lucille Norman, a rútila estrela cinematográfica, em lindo ensemble ineditamente guarnecido de botões...














Sobremodo elegante, o modelo duas peças usado por Rhonda Fleming na comédia cinematográfica O Gostosão


 

sábado, 10 de julho de 2021

O Arranha Céu e o Bangalot


 Esse título daria uma ótima fábula com fundo moral. 

O que diria o Arranha Céu para o Bangalot ???

 - Eu estou aqui queridinho, altíssimo, de cabeça erguida a olhar para você aí embaixo, no rés do chão, varrido por poeira, sujinho, pobre... 

- Mas, oh! responderia o Bangalot, eu existo tão simplesmente e feliz que não preciso me fazer notar como você, que adora viver nas alturas para parecer ser mais que os outros. Vivo bem no plano. Sou pobrete, mas sou limpinho, sou varrido todos os dias, enquanto você...

-Ora, Bangalot, é evidente que aqui em cima há mais conforto, elegância, refinamento, qualidade de vida, você me entende????

-Ai, Arranha, que cafonice! Refinamento rima com sofrimento. Lembra daquela música que Dalva cantava..."no segundo andar daquele arranha céu, tem alguém a chorar, tem alguém a chorar..." aqui querido, temos tanta coisas pra fazer e pensar que não temos tempo de chorar.

-Bem, Bangalot, fiquemos por aqui, cada qual no seu cada qual, não é mesmo, eu nasci assim, de nariz em pé, que posso fazer... vamos levando a nossa vidinha, não é mesmo, sem briguinhas e intriguinhas. Quando tiver um coquetel, uma festa, um banquete eu te convido, ok?

-Ok, Arranha! À propósito, amanhã é domingo e vai ter uma rodinha de samba aqui... se você dignar-se a descer das alturas, irei recebê-lo numa boa. Levanto o braço e te ofereço uma batidinha de limão, combinadinho???

Ok, Bangalot, combinado. Mas vou levar uma champanhota para brindarmos a tudo o que nos separa e nos une, certo? Troquemos drinks.

E paro por aqui, porque não sei se vou encontrar a moral desta história. No mínimo que há entendimento na diferença.

E o que me levou a escrever essa histórinha foi a linda ilustração da Enciclopédia Globerama, Tesouro de Conhecimentos Ilustrado, edição de 1962, que eu adoro e volta e meia coloco imagens aqui.

...tem alllllguém a chorar, tem alllllguém a chorar... 

daquele arranha céu...

sábado, 3 de julho de 2021

Regalame Esta Noche!


 Capa de um LP, mas não é dos que ainda tenho. Peguei essa imagem por aí, na terra de ninguém, pela capa que adorei. Me senti regalado, presenteado ao ver este primor absurdo da cafonice maravilhosa desta mulher em pose provocante a regalar-se ou a regalar alguém.

É o máximo, realmente super, esta mão que sobe pelo rosto em êxtase inebriado. Amei.

Me deu vontade de conhecer este maestro Mozart Brandão e regalar-me ouvindo a sua orquestra.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A Feira dos Tecidos




Um saco antigo de compras de A Feira dos Tecidos, loja popular de Salvador que vendia barato para toda a elegante família baiana. A Feira era conhecida pelas promoções de venda, sempre estava em liquidação, artigos da semana etc. Em um tempo em que se comprava muito tecido para mandar costurar, a Feira era uma loja que vendia muito e atraía muita gente principalmente das classe mais baixas, pois não era uma loja tipo classe A.

Todos os artistas que passavam por Salvador fazendo shows e peças de teatro, invariavelmente eram chamados para fazer um reclame na TV de A Feira dos Tecidos. Me lembro bem de uma propaganda feita por Sandra Bréa para a loja.

Adorei ter encontrado esse saco de A Feira dos Tecidos, amo essas embalagens com estampas bem populares feitos à partir de clichês em gráficas populares.



Tecidos para todas as estações!                Inverno!


Verão!   Vamos luxar, minha gente!!!

Outono!      Precinho Ó!


 Primavera!     Grande variedade de padronagens!

domingo, 6 de junho de 2021

Uma Coleção de Desenhos



































































 Tenho desarrumando muitas coisas guardadas há muitos anos e, hoje, fui limpar uns desenhos que estavam pregados em um antigo classificador comum, escolar. Tem no mínimo uns 50 anos que eles estão ali e dentro também de uma sacola plástica, portanto, bem protegidos, mas estavam, é claro, com poeira, sujos. Limpei com pincel. O classificador protegeu mas também marcou e vincou  os desenhos. Tratei de esticar tudo agora. Mas pior seria se a barata roesse e a traça comesse. 
Fazendo a limpeza resolvi fotografar antes de tornar a guardá-los por mais 50 anos... Será? kkkkkkkkkk
 Decidi, então, postar aqui no meu blog e compartilhar esses desenhos que eram só meus e que agora serão de todos, por quem entrar aqui, entrar no Google, quem salvar, por quem baixar, arrastar, mover para pastas, nuvem onde ficarão para todo e sempre. Mais protegidos eles estarão.

Os desenhos e estudos são dos anos 60 e 70.

O autor, Chico Mazzoni.