domingo, 18 de agosto de 2019

O Telefone da Miloca



Esse modelo de aparelho foi lançado em 1956. Prático, na parte de baixo ficavam os números para discar. Emilinha Borba - a Miloca -, que não era boboca, não perdeu tempo e adquiriu logo o dela.
Este desenho está em um livro didático dos anos 60, num capítulo que trata da evolução nas comunicações. Às vezes encontro este modelo de telefone nos antiquários, mas são vendidos a preço alto. Gosto deles, acho lindo, tão cara de uma época e a cara de Emilinha, a Miloca, mas já tenho os meus dois aparelhos antigos, um dos anos 60, verde, e um dos anos 50 de galalite branca.
Esta foto de Emilinha com o seu telefone moderno é o máximo, tudo, a pose, o vestido em um estampado que já não vemos, o sapato, o sofá, a pintinha no rosto da cantora realçada com lápis. 
Estava nos trinques a Rainha do Rádio, Rainha da Marinha, nossa Miloca.


Carmen Mayrink Veiga ... e Nada Mais



No início dos anos 2000, um amigo encontrou em um sebo este "Café Society". É claro que ele comprou o livro imediatamente e me mandou uma xerox. O assunto sociedade, ou melhor, a alta sociedade, a carioca principalmente - era só o que nos interessava naquela época, aliás, há décadas que adorávamos ler tudo, saber tudo sobre os colunáveis, kkkkk saber quem era quem - quem era bem - ui!, as famílias tradicionais, enfim, tudo o que se referisse àquele mundinho, aliás, grand monde, ao qual não pertencíamos e nem iríamos nunca pertencer, já que éramos e somos ainda e sempre da classe média, média, média: café com leite, pão com manteiga. E trabalho.
As colunas sociais de Ibrahim, Zózimo, Nina, Hilde, Reinaldo Loy, Danusa, Swan, Fred Suter, Boechat e tantos outros do Rio e, de São Paulo, Tavares de Miranda, Alik Kostakis e outros era onde bebíamos as informações, sorvíamos, nos deleitávamos e ríamos à socapa também, aliás o riso era uma constante, pois, na verdade, fazíamos uma leitura crítica e não ficávamos nas bobices da admiração puramente supérfluas. O fútil era adorável de se ver e de se ler nas colunas, pois, para os verdadeiramente ricos todas aquelas extravagâncias eram naturais e, para nós, simples mortais, sobrenaturais. 
Roupas, menus, casas, decorações viagens, festas, joias, tudo muito comum para os bem nascidos, era para os leitores daquelas colunas - euzinho e ele incluídos -, o máximo, entenda-se, com distanciamento, nada de viagens inúteis. Hoje, quando leio uma coluna social (?) e leio que um rico, uma rica usou isso, fez aquilo, viajou para não sei onde, tudo cafona, o vômito vem. Não há naturalidade. Tudo é novo rico ou mentalidade de. 
Hoje, já deixei a carreira de tiete, de macaca de auditório - duas definições já caducas para fã - dos ricaços, também, pudera!, os grandes nomes tradicionais, as grandes famílias e as grandes damas da sociedade - o nosso grande interesse - já não estão mais aqui, o mundo mudou - o grand monde mais ainda - e o que sobrou, apequenou-se e não dá mais caldo. Mas o certo é que esse assunto já foi pra mim e virou passado, mas, não vou jogar fora os meus papeis velhos - fazer a louca - amealhados com o meu rico dinheirinho - as folhas de revistas e jornais que acumulei. Agora jogo tudo aqui e muito respeitosamente.
Mas, Carmen ficou. Ela se eternizou no Hall of Fame em vida, da moda, dos costumes, do refinamento, do mundo e agora nas nuvens do céu, da net. Está nas casas. Estrela, está para todos.
Este livro foi lançado em 1956, ano do casamento de Carmen com Tony Mayrink Veiga e neste capítulo está a história do encontro dos dois e sobre o fascínio que Carmen já exercia na sociedade carioca da época. É isso que José Mauro, o autor, nos relata no seu "Café Society".
(a dedicatória escrita no livro é simplesmente sensacional kkkk e as ilustrações de Santa Rosa uma maravilha.)