domingo, 18 de fevereiro de 2018

Salvador Oca



Salvei essa foto que saiu no Correio da Bahia, 16.02.2017, porque fiquei surpreso com o corredor de casas ocas, esqueletos do que já foi uma fileira de casas - sete - geminadas que deviam formar um quarteirão e ficam em frente a entrada do Elevador do Pilar na parte baixa. Pela foto dá pra ver que elas ficam na parte de trás de um grande trapiche que hoje serve de estacionamento e, às vezes, se presta para espaço de eventos.
Nessa zona da cidade que fica no comércio, na Cidade Baixa, ficava a antiga Receita Federal que, ao mudar de local, diminuiu em muito a circulação de gente por ali. O Mercado do Ouro e a Igreja do Pilar também estão na região que um lugar que abriga comércio que vende a grosso, atacado, frigoríficos, ou seja, é um local geralmente sem grande movimento. 
A Igreja do Pilar foi totalmente restaurada e está linda e nos trinques, mas o movimento dela fica restrito às missas nos domingos e na festa de Santa Luzia em dezembro quando há a novena, a procissão e a parte profana da festa. A fonte de Santa Luzia com a água santa que corre no terreno da igreja atrai pessoas doentes dos olhos ao local e sempre há essa movimentação dos fies. 
Mas o local é meio pro ermo, meio pro deserto e parado. Eu raríssimamente vou ali e, até hoje, não visitei a igreja pós restauro. É daqueles lugares "que se tem que decretar para ir", "tomar coragem" e tirar um dia para levar a visita adiante.
Fiquei espantado com os paredões ocos de casas que outrora, e põe outrora nisso, deveria ser de casas comerciais que, pela pela falta de fregueses e do pouco movimento, foram fechando, terminaram desabando e hoje estão desse jeito, ocas, hirtas por fora, "seguras por deus", só com as paredes externas e sem serventia e sem, talvez, um projeto de revitalização de uso, reuso etc. etc. 
Fico nos etc. pois Salvador está cheia desses esqueletos da arquitetura urbana.
É triste.


O trapiche que fica na frente da rua no comércio, cidade baixa. As "ocas" ficam atrás.


A entrada do Elevador do Pilar pela entrada do bairro de Santo Antonio, cidade alta.



2 comentários:

  1. Salvador é oca de tudo. De casas ocas, mentes ocas, educação e cultura ocas. Uma cidade, apesar de capital, provinciana no desenvolvimento político e econômico, refém do puxa-saquismo no trato com as "autoridades". Sem saudosismos, mas antigamente ainda apresentava lampejos de inteligência, sempre da parte dos artistas e intelectuais como Anísio Teixeira e Edgard Santos, dentre outros. Hoje...

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  2. Pois é, concordo plenamente. Hoje nada tem muita substância, é tudo meio desprovido de sentido e de motivação. Inteligência zero e poucos os representantes de uma intelectualidade baiana, de baianos pensantes como os que o senhor citou.
    Infelizmente este é o nosso presente: Oco.
    Um abraço.

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