domingo, 19 de fevereiro de 2017

O Quarto do Santos . Hildegardes Vianna










Texto do livro A Bahia Já Foi Assim da escritora e folclorista baiana Hildegardes Vianna e que é um dos meus livros preferidos. Tenho sempre à mão este livro, pois os textos são deliciosos e retratam aqueles costumes antigos das famílias baianas das primeiras décadas do século XX, ainda com traços e hábitos bem marcados do século XIX.
Este texto O Quarto dos Santos é sobre as devoções antigas, os santos a quem recorriam as pessoas nas horas difíceis, as orações, os nichos, os altares dentro das casas, os cantinhos que viravam o quarto dos santos. Neste texto também, Hildegardes fala da Rosa de Jericó que ficava no interior dos nichos de antigamente. Se abrisse, coisa boa iria acontecer, se não, seria coisa ruim ou desfecho negativo para algum pedido feito. 
Mas durante anos fiquei sem saber o que era realmente e do que se tratava a tal da rosa, não sabia a sua história e nem os seus significados. Fiquei sabendo através da internet: é uma rosa que murcha, fica como morta, seca totalmente e renasce colocando na água e foram nessas rosas de Jericó que Maria pisou, tocou os pés, ao descer do burrinho quando fugiu com José e o filho Jesus pelo deserto fugindo de Herodes.
A rosa de Jericó é chamada de a rosa da ressurreição.



A fotinha clássica de Hildegardes, pessoa maravilhosa e que foi minha professora em um curso sobre História da Bahia.
Durante anos Hildegardes escreveu crônicas semanais para o Jornal A Tarde de Salvador.

3 comentários:

  1. Jorge

    Muito interessante a descrição de Hildegardes Vianna sobre os quartos dos santos, que aqui teve a boa ideia de apresentar. É um testemunho valioso de uma religiosidade muito comum nas casas tradicionais da Bahia e que quase que se podia aplicar a Portugal. Seria interessante obter fotos de um desses antigos quartos e até tentar montar um desses cenários num museu local.

    Em casa da minha família materna, no quarto mais resguardado, mais longe da entrada existe ainda um oratório de castanho, talvez dos finais do XVIII, inícios do XIX, contendo muitos dos elementos referidos no texto de Hildegardes Vianna.

    Um abraço

    ResponderExcluir
  2. A Rosa de Jericó também se usava por cá. Era mantida sempre seca, execpto se houvesse uma grande aflição. No caso de uma doença ou desgraça, colocava-se a rosa numa taça com água e acreditava-se o seu desabrochar poderia resolver os males e as maleitas.

    ResponderExcluir
  3. Amigo Luís, este livro de Hildegardes é precioso, pois comenta os costumes da velha Bahia, da Bahia do pai dela que também era escritor, costumes do XIX e do XX que ela viveu quando menina. Eu amo este livro, tenho ele sempre à mão.
    O quarto dos santos, recantos, cantinhos das casas, às vezes uma cavidade em forma de ogiva na parede, embaixo de alguma escada, em um vão de passagem com os santos de devoção. Há anos que leio esta cronica e sempre me intrigava a rosa de jericó...lá em casa nunca ouvi falar. O google me salvou e fiz aquela postagem ao reler a crônica.
    Fui a São Paulo passar o carnaval pensando em comprar uma rosa por lá...esqueci completamente de procurar! KKK Devo comprar pela internet, mas é cara!!!!
    Aqui em casa também tenho os meus santinhos, falta a rosa de jericó que tem uma história e significação tão bonitas.
    O Brasil é Portugal, a Bahia é Portugal, mas, ultimamente, essas tradições estão tidas como obsoletas...até as pedras portuguesas estão desaparecendo, sei lá, agora se dá valor mais a outras coisas, português virou só o colonizador, o que explorou. Isto são outros 500 - o que vem bem a calhar: destruição do passado.
    Mas adoro o quarto dos santos com as devoções antigas...São Caetano da Divina Providência...nem ouço mais falar, São Brás dos males da garganta, dos engasgos. Quem pede mais o seu auxílio? Eu pedi há alguns anos quando minha irmã precisou.
    Já coloquei uma outra crônica de Hildegardes aqui e vou colocar mais.
    Rosas de Jericó abertas para todos nós.
    Minha avó, meus bisavós portugueses parece que tinham uma melancolia, uma melancolia portuguesa, uma certa tristeza desgarrada.
    Sei lá.
    Vamos rezar no quarto dos santos. Que cada casa volte a ter o seu.
    Abraços, Luís.

    ResponderExcluir