Este é o catálogo da exposição sobre a chita, que contava toda a história e trajetória do tecido desde a Índia, passando por Portugal e chegando ao Brasil onde virou uma marca da região Nordeste do país, usada pelas pessoas em suas roupas, como tecido para decoração de casas, como tecido para bordados de aplicação e de festas folclóricas.
A chita é um tecido alegre, vistoso, enfeitativo que se presta para tudo e que sempre tem o seu uso renovado, reinventado e que se presta a mil e uma utilidades. A exposição, linda, nem sei se no Brasil de atualmente se faria uma tão grandiosa e abrangente sobre um tema como foi esta da chita. Foi perfeita.
Vários artesãos mostraram várias formas de uso da chita e seus trabalhos. Me lembro de uma colcha tipo chenille com tiras do tecido cortado enviesado, costuradas juntinhas e desfiadas resultando num um trabalho magnífico. Outras colchas de retalhos e de "fuxicos", lindas.
Um "paletot" usado por Chacrinha.
Mil trabalhos lindos em roupas e artesanato feito com a chita.
Chita, para quê te quero? Para tudo.
De um local ao outro da exposição atravessava-se por túneis feitos de chita. Logo na entrada, impressionava o tamanho dos cilindros imensos de cobre ou bronze onde eram prensados os tecidos para serem estampados. Uma coisa!
Guardei este catálogo desde a época em que vi a exposição em São Paulo em 2005 e, "nesses dias", achei e, eis ele aqui, escaneado em partes para que se possa ler melhor.
Quem não viu pode ver agora.
Infelizmente há um bom tempo para cá, as chitas são fabricadas quase 100% sintéticas. Antes eram em puro algodão que dava textura agradável e maciez no toque e no uso. A maioria dos trabalhos apresentados na exposição - e os mais incríveis - tinham sido feitos com a chita da época em que era usado o puro algodão.
As estamparias também mudaram atualmente, as mais intrincadas, as miudinhas e delicadas não há mais. Agora são as flores imensas cada dia maiores e também mais pobres esteticamente, com as estamparias num exagero desproporcional até.
Esse vestido acima, lembro, tinha a legenda mais ou menos assim: "vestido usado por Marília no dia do seu casamento com Moraes Moreira. O vestido tinha aplicações de chita recortadas, o rosa da saia e o azul do corpo do vestido deviam ser tingidos e o tecido base era um algodãozinho super macio. Vestido lindo, super bonito, super bem feito.
Não sei quando eles se casaram, mas deve ter sido nos anos 70, década em que a chita - redescoberta - foi usada demais na moda e em acessórios. O algodão puro e a chita eram tecidos base da "moda hippie"ou moda jovem da época. Todos e todas usavam e era o tempo das chitas verdadeiramente lindas, de puro algodão e com as elaboradas estamparias.
A chita era um tecido de transgressão e de afronta também. De afirmação e de postura do jovem. E de querer usar o brasileiro. É de pobre, vou usar, é barato, vou usar, é lindo, quero usar, é popular, vou usar, por que não usar?
Usava-se e ousava-se. Marília casou de chita com Moraes Moreira e deve ter "causado", arrasado na época.
Jorge
ResponderExcluirEm 2001, o Ministério da Cultura de Portugal, organizou uma exposição no Brasil sobre as Chitas de Alcobaça, que esteve patente no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, em Belém, em Brasília e em São Paulo. O título exacto da obra é Lenços e colchas de chita de Alcobaça. Se o conseguir comprar ou consulta-lo numa biblioteca, quando esta pandemia finalmente acabar, vai adora-lo.
Um abraço lisboeta
Não lembro, Luís. Vou procurar na net.
ResponderExcluirEssa de 2005 eu julguei completa, contava todo o histórico da chita, mas se detinha mais no Brasil, a chita na vida brasileira, seus usos. Essa que vc está falando já puxa um lado mais para Portugal.
Lembro de uma exposição de bordados portugueses aqui no Museu de Arte da Bahia com peças valiosíssimas,de época, acho até que já coloquei alguma coisa aqui. Tenho o programa guardado.
Espero que as chitas feitas hoje aí sejam ainda de algodão, aqui elas estão um lixo, sintéticas, tecido desagradável, duro e sem caimento. Só para artesanato mesmo ela se presta, para uso folclórico.
Eu compro algumas vezes e faço bainha para fazer toalha de mesa,dou pra minha irmã que tem uma casa no interior, fica bonito servir sobre ela em algumas ocasiões no verão, mas é um tecido sintético. Péssimo!
Aqui na Bahia, no Sul, tem uma cidade chamada Alcobaça. Jurema Penna, minha amiga atriz, nasceu lá.
Luís, um corte de chita para você. Brasileira e do mais puro algodão.
Abraços.
Jorge
ExcluirCreio que tenho o catálogo dessa exposição aqui na Biblioteca e vou digitalizar umas imagens, pois vais certamente gostar. A exposição foi feira primeiro cá em Portugal e depois foi levada ao Brasil. Na altura o Conselheiro Cultural da embaixada de Portugal em Brasília era o Rui Rasquilho, que era natural e Alcobaça e teve um papel muito activo na divulgação da cultura portuguesa, nesse período. Um abraço e obrigado pelo corte de chita, que eu agradeço com um sonho de valsa
Recebi o seu e-mail com as imagens das chitas que, comparadas às daqui, são muito mais requintadas nas estampas. As antigas brasileiras eram lindas. Perderam a beleza, ou ganharam outra, não sei, depende de quem vê. Eu prefiro as antigas, com estampas menores e mais elaboradas. Ficaram muito pobres.
ResponderExcluirFui ver no Youtube um vídeo das chitas de Alcobaça e encontrei uma loja com vários tipos para venda e também artigos para vender feitos de chita. Adorei, não conhecia essa parada da chita, em Alcobaça, antes de chegar aqui ao Brasil.
Um abraço.
Muita chitas em sua vida kkkkkk