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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Passeio Antiguinho . Casarão da Rua da Independência . The End


Em 2014 eu fiz duas postagens aqui no blog sobre esta casa e outras do entorno entre a Av. Joana Angélica e a Rua da Independência onde ele fica, aliás, ficava. Há algum tempo eu estou ouvindo um burburinho sobre a demolição do casarão e, por esses dias, passando por ali de táxi, olhei e vi, aliás, não vi o magnífico casarão em estilo normando, lindo, altivo e meio sinistro. Ontem, domingo, pedi ao motorista do táxi para dar uma paradinha para eu fotografar a  queda, a derrocada, a desgraça já feita e já concluída. E lá estava um imenso buracão onde, antes, erguia-se imponente o magnífico casarão.
Fiquei arrasado, me senti num buracão, no vazio em que estamos sendo tragados pela especulação e pela ignorância. É Salvador ficando mesmo sem identidade, uma cidade qualquer.
Este casarão me lembrava a casa de Norman Bates, personagem do filme Psicose de Hitchcock.  Ela tinha uma torrinha ao alto com uma janelinha e eu imaginava uma caveira de peruca sentadinha ali como a mãe do personagem no filme.
O filme de Hitchcock perde para a psicose que reina nesta cidade, e perde em terror também, pois demolir esta casa, este casarão espetacular  é um ato de terrorismo.
Agora vão erguer 4 paredes - uma caixa - para abrigar qualquer coisa, farmácia, clínica, mercado etc.
E é isto, independência ou morte, ou morte na independência.


Será que os proprietários lembraram de vender antes da demolição o material da construção??? O casarão deveria ter portas e janelas lindas, madeiras de lei, objetos e apetrechos de ferro fundido inglês, estuques, ornamentos, gradis, ladrilhos, azulejos, azulejos hidráulicos, isto tudo importado e que vale uma boa grana. A casa é do início do XX.






TCHBOOMMM!



CRAFT!!!


PLOFT!!! Onde estou???? Na Independência????


AAARRRGGGGHH!!! A árvore daqui a pouco derrubam: vai atrapalhar a leitura do nome do futuro empreendimento.


UAI!!!!!! Que dor!!!!!!


VALHA-ME!!!!!!



MISERICÓRDIA!!!!!!


HELP!! SOCORRRRRRRO!!!!


AAHHHH!!!!!


OHHHH!!!





Uma casa, uma lembrança na memória, uma reminiscência.


Saudade da altiva casa. Hoje tudo rasteja.


Norman! Norman!!!! Desça, vamos passear na Independência! Vamos passear no astral!


Quando uma casa dessa tão classuda e tão marcante na paisagem desaparece, parece que um pedaço da cidade vai junto e a gente some também. E perdemos a referência do que antes era nosso, as ruas se transformam em outras, logradouros somem, desaparecem, são "requalificados"- odeio essa palavra -e vira tudo uma qualquer coisa de péssimo gosto e ainda colocam um coqueiro na frente. A moda agora é requalificar e plantar coqueiro. Mania de Miami. 


E antes era assim, a Av. Joana Angélica e a descida da Rua da Independência que vai dar no Gravatá. Essa casa da frente ainda existe a estrutura, mas modificaram toda, virou um quadradão com restinhos do original. Ficou hilária! 
 Sobre este assunto tem mais duas postagens de outubro de 2014.


O casarão em questão em estilo normando e onde morava Norman Bates, deve ser o terceiro à direita. Ele era recuado.

THE END.

8 comentários:

  1. O progresso é a injustiça que cada geração comete relativamente à que a antecedeu. (Emil Cioran)..que coisa triste, que desumanidade..somos já um povo sem história..

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  2. Pois é, Touché, estou como a casa: derrubado!
    Será que o governo, a prefeitura ou um particular não poderia manter esta casa em pé e dar um destino ela? A casa era imensa, poderia ser ocupada por um órgão, entidade, sei lá.
    É triste isso.
    Um abraço.

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    1. Que crime derrubarem uma casa com tanto charme tão marcante de uma época! Parece que os arquitectos e os urbanistas actuais continuam a odiar o estilo eclético das casas dos finais do XIX e inícios do XX.

      Por cá, nas terras lusas, há umas quantas casas construídas, nesse estilo, normalmente por portugueses, que enriquecerem no Brasil. São mesmo conhecidas por "casas de brasileiros" e tem imenso charme, com torreões, mirantes, varandas, alpendres e muita azulejaria.

      Em todo o caso, o responsável pela destruição dessa casa deveria ser julgado em tribunal por crime contra o património.

      Um abraço

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    2. E a casa, Luís, estava conservadíssima, mas, segundo informações que colhi lá no dia que fiz as fotos a casa era de um particular e ele vendeu e não se interessou pelo destino que ela teria.
      É uma miséria! Do jeito que vai não teremos nada que represente a arquitetura urbana das casas.
      Não sabia que casas assim são chamadas de casas de brasileiros, kkkk aí em Portugal. São casas que misturam tudo, materiais, adornos, gradis. Bolos de noiva.
      Eu acho que a prefeitura da cidade poderia barrar uma demolição de casas como esta, mas...
      Na foto em preto e branco, a casa de esquina ficou como era até os anos 90. De repente cortaram ela toda e fizeram um quadrado com restos da construção antiga. Ficou hilária!! Tem fotos em "passeio antiguinho", outubro de 2014.
      Hoje eu fotografei umas 3 em situação precária e uma outra linda e até bem conservada e que é hoje, uma loja de material de construção kkk
      Abraços.

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    3. Essas casas deveriam estar classificadas, ou tombadas, como se diz no Brasil, de forma a estarem protegidas do mau gosto que reina um pouco por todo o lado.

      Jorge como sabe, centenas de milhares de portugueses partiram para o Brasil ao longo de séculos. Nos finais do XIX, inícios dos XX, alguns desses portugueses que fizeram fortuna no Brasil, regressaram a Portugal e fizeram erguer moradias ao estilo dos chalets mais extravagantes de Manaus ou do Rio de Janeiro. Na época eram muito criticados pelo estilo extravagante das suas casas, muito "nouveau riche", mas hoje achamos um graça doida a essas casas. Já mostrei até um desses chalets no meu blog http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2012/02/um-dragao-em-fronteira.html

      Um abraço

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    4. Também acho, mas eu só vejo tombarem coisas aqui no Brasil que são dos séculos anteriores,do tempo colonial. Mas, imagine que, por esses dias, derrubaram uma capelinha rural da cidade de Maragogipe no recôncavo baiano. E dizem que foi a mando do padre e de acordo com os fiés!!!!!
      Meu avô veio pobre de Portugal na época da crise da fábrica de vidro Barosa em Leiria e nunca mais voltou. Morreu pobre, quer dizer, classe média.
      Vou fuçar a página das casas exageradas brasileiras do seu blog.
      É isso! Uma tristeza!
      Um abraço.

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