Eu ainda vi muito a Mulher de Roxo ali na Rua Chile, nas imediações da antiga loja Sloper, ela ficava sempre por lá, às vezes dava uma circulada dentro da loja e saía, calma, serena, não mexia com nada e nem com ninguém e todos respeitavam ela. Hoje seria muito diferente.
Nessa cena desse filme ela está sentada no corrimão da escadaria do antigo Palácio dos Esportes na Praça Castro Alves. Imaculada no seu traje branco, usava joias, anéis, pulseiras, as unhas pintadas, lia um livro e sorria. Aqui ela estava bem sorridente, às vezes estava muito seria encostada na parede da Sloper.
Adorava ela, tranquila, simpática e sempre com um figurino novo, não sei se era ela própria quem se vestia ou alguém ajudava ela. Tem um livro editado aqui em Salvador que conta a sua história, nunca li. São ou eram tantas histórias que se contavam sobre ela...
Esse filme é muito interessante pois mostra a Bahia ou melhor, Salvador, como era naquele início dos maravilhosos anos 70, pelo menos pra mim que estava com 16 anos e tudo era curtição, não tinha obrigações além de estudar. Mas eu sabia da barra pesada que muitos viviam, os que contestavam o regime militar da época. Eu e muito optamos por "desbundar", pelo "desbunde".
Nesse filme, Dorival Caymmi trabalha como ator e tem uma gravação da música Dora de autoria dele que é simplesmente sensacional, num arranjo belíssimo e o vocal impecável do Quarteto em Cy.
Abaixo uma foto de jornal da época que escaneei. Nesse exato ponto ficava o reinado da Mulher de Roxo, na marquise da esquerda ficava logo depois a loja Sloper, o ponto preferido dela na Rua Chile. Esse ônibus Barra Avenida - da Vibemsa - KKKKKK já estava para descer a Praça Castro Alves.