domingo, 16 de junho de 2019

Uma Xícara Vieux Paris


No início do ano meu amigo Walter me deu duas xícaras, uma japonesa de finíssima porcelana e linda estampa (depois coloco aqui ) e esta que, ao me dar, disse: "É Vieux Paris".
O pegador da xícara estava solto, já tinha sido colado e tornei a colar. 
Vendo o blog do Luís, o Velharias, que na última postagem colocou uma deslumbrante xícara do Vieux Paris, achei o momento certo de postar este presente de Walter para mim e fazer uma ponte, um "link" - sou moderno, KKK - um trancetê Bahia, França  passando por Portugal.
A xícara é linda, delicada, uma flor em relevo que sai aberta dos galhos verdes que circunda o corpo da xícara e passa pelo pegador. "Na forma imitando a ourivesaria e na decoração a estampa dos finos tecidos". E tem características da art nouveau também. Se for realmente uma Vieux Paris terá sido fabricada entre o final dos séculos XVIII, início do XIX


 Embaixo da xícara o número 700 e umas incisões de traço diagonal e de dois diagonais cortados.


 Na parte de baixo do pires o número 6.


Hummm. Que beleza!!!


A xícara repousando sobre uma bela, trabalhosa e tinhosa toalhinha de crochê feita por uma muito boa e prendada senhora de antigamente.
Embaixo, a xicarizinha já enfurnada no meu armário/vitrine que já não dá para mais nada: virou um brechó!
Cruzes! São Longuinho, não me deixe perder nada!!!!


10 comentários:

  1. Jorge

    Só hoje tive tempo de espreitar o seu blog. A sua chávena é muito bonita, mas não é tão antiga como crê. Parece-me uma peça típica da arte nova com a sua inspiração floral e penso que terá sido feita à volta de 1900. Relativamente a ser francesa, não sei. A pega, que é muito bem concebida parece muito ao gosto francês, mas não punha de parte de a hipótese de ser alemã.

    Por outro lado o pires é ao estilo neo-rocaille e não sei se faria parte do conjunto original.

    Em todo o caso é uma belíssima chávena art nouveau.

    Um abraço de Lisboa

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  2. Pois é, Luís, eu achei também que o pires não seria dela, combina com o tom verde, mas é diferente até na espessura da pasta da cerâmica, a xícara é mais fina. Mas, no final, o que me encanta é a beleza mesmo da xícara, a concepção, o estilo e delicadeza do traço nouveau.
    A sua xícara concha é linda e está conservadíssima! Achado precioso.
    Um abraço.

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  3. Jorge

    Com um bocado de paciência, pesquisando no Google por "tea cup art nouveau porcelain" talvez acabe por identificar o fabricante. Por vezes nos serviços de chá ou café não marcavam todas as peças. Por exemplo, só o bule ou açucareiro ostentavam marcas no verso. Mas é uma peça com um belíssimo desenho.

    A xícara do Manel é de facto excepcional e não aparecem muito no mercado peças daquelas. Foi um golpe de sorte.

    Um abraço lisboeta

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  4. Obrigado, Luís. Vou procurar pela xícara na net. A sua xícara concha está conservadíssima, perfeita. A minha é linda, mas já tá meio sambada, chegou ao XXI capengando. E minha casa é um abrigo próprio para ela.
    Depois vou te enviar um email com a foto de uma peça para vc identificar qual a utilidade dela, o nome da peça.
    Um vieux abraço.

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  5. Adorei a expressão "meio sambada". Realmente os brasileiros são sempre muito criativos no uso que fazem do português.

    Sempre que quiser, escreva-me para o meu e-mail com as perguntas que entender.

    Um grande abraço

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  6. A Língua Portuguesa aqui anda tão pobre, palavras e expressões esquecidas, fala-se o mais rasteiro da língua, às vezes penso que isto aqui está virando um dialeto, à vezes não entendo o que falam pela rua, sons guturais, um palavreado grosseiro reduzido ao mínimo que sirva para a comunicação.
    Ouço angolanos falando e acho lindo, o caboverdiano, moçambicano...acho que eles ficaram mais conservadores, aqui a língua avançou, evoluiu ou involuiu para outra coisa. As línguas são vivas e mudam, é claro...mas, empobrecer, é péssimo! Pela música brasileira de décadas passadas percebe-se o empobrecimento cultural do povo. A de hoje...não dá para ouvir a maioria.
    A expressão "meio sambada" é uma delícia da nossa língua, coisas que vêm do tempo, dizeres, ditos populares, alma da língua. Meio sambada é uma coisa que não é velha mas que não é nova, é meio usada. É tudo o que compro por aí...
    O brasileiro não lê mais, nem os livros básicos da literatura brasileira e portuguesa - Machado, Eça - ninguém lê. Uma merda. Os sebos estão abarrotados de livros, todo mundo se desfazendo de tudo e eu, que adoro um livro meio sambado, caio matando! Compro. E leio. E faço a minha festa!
    Acabei de comprar 2 volumes de Eça da Aguillar -anos 50 -com ilustrações lindas e a preço de banana da mais barata.
    E pra "melhorar" a situação, vc deve estar sabendo a quantas anda o Brasil agora. A Idade Média voltou, o homem não é nada.
    Um abraço.
    Vou mandar uma email de fotos de uma peça para vc identificar para mim.

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    Respostas
    1. Jorge

      É bem verdade, a língua é uma coisa viva e está sempre em contínua mudança e infelizmente nas direcções erradas, mas não há muito a fazer.

      Por cá, houve uma verdadeira invasão de anglicanismos, que são na maioria das vezes perfeitamente desnecessários. Passo a vida a corrigir os meus filhos. Por exemplo, noutro dia a minha filha referiu-se a uma amiga como sendo uma "slut". Tive que lhe explicar que existem pelo menos 10 termos em português com o mesmo significado, como por exemplo, ordinária, vulgar, lambisgoia, ordinadorana, serigaita, vaca, cabra, mulher duvidosa, mulher fácil e por aí fora, que podem ser usados consoante o ambiente social e cultural em que nos encontramos.

      Vi recentemente um programa na televisão sobre a prisão do lula, o impeachment da Dilmae a ascensão do Bolsonaro e fiquei realmente horrorizado.

      Um abraço

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    2. KKKK adorei ordinadorana kkk aqui a gente diz ordinadorona...lambisgoia, sirigaita, amo esses adjetivos muito melhores que os do inglês...
      Outro dia vi duas mulheres vem classe média baixa dizendo que não sei quem tinha três looks kkkkk, eram duas lambisgoias, isto sim!
      A língua anda viva demais!
      Um abraço deste finório do Brasil.

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    3. Jorge

      Estas férias estive na casa da família materna, no Norte de Portugal e descobri no louceiro uma chávena muito parecida com a sua, que certamente saiu do mesmo fabricante e o que é mais curioso o pires também é neobarroco. Portanto o seu pires é o par original da xícara.

      Ainda não consegui perceber a origem. Parece-me coisa alemã, mas não descarto ainda a hipótese de ser da Vista Alegre. Quando tiver uma opinião mais definitiva faço uma postagem.

      Um abraço lisboeta

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  7. Luís, fiquei agora olhando a pintura dessa xícara...tão bonita nos traços ligeiros da pintura da flor, uma beleza!!!
    O pires eu também pensei tratar-se de um outro conjunto, mas a cor, o tom em verde claro é o mesmo e a pasta com que foi feito é o mesmo da xícara, não é mais grosso e nem mais fino.
    Como não há referências mais esclarecedoras quanto à procedência da xícara, fico esperando que vc descubra para mim. Vc tem sorte em deslindar as origens de peças que vivem a vagar por aí, perdidas neste mundo louco.
    Em todo caso, adoraria que a xicrita fosse de Vista Alegre, pois não tenho nada do meu querido Portugal para ostentar na minha luxuosa vitrine.kkkkk
    Luís, uma xícara basta para me aliviar do peso do cotidiano.
    Um vieux abraço.

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