segunda-feira, 20 de maio de 2019

Noiva Oca de Roca do Pau Oco ou Noiva de Brechó


Antes que maio acabe, aqui vai a minha contribuição para o mês das noivas com este elegante vestido que eu achei em um brechó no bairro do Sumaré em São Paulo. O fascinante, mais incrível e bonito é ele assim, montado em um manequim no meio de uma sala do brechó, "noiva oca de roca do pau oco", mas, porém ...vemos uma verdadeira noiva no significado dela, no imaginário da vida. É real mais que real, super real, supra real,  mais que verdadeiro fora de um corpo real de mulher.
Teatral, porque fora do contexto, prende a visão. Coisa maluca, no meio da mocofaia toda, um vestido de noiva, modelo antigo em cetim, corpo e mangas de renda, botões forrados do tecido e presos por ilhoses que descem até a cintura da vespa criatura. Simples. Não me lembrei de olhar se tinha etiqueta, talvez fosse de loja da rua São Caetano, sei lá.
Manchado, amarelado, sambado, marcado pelo tempo, mas tão bonito, altivo, solene e, apesar dos males, um Vestido de Noiva!
Esse modelo tem clima e é pra mim muito mais interessante do que modelos que tenho visto por aí presunçosos ou vestidos de noivas "piriguetes". Sem clima.
Bem, no mais, adoro um vestido de noiva e mais ainda estando ele em um contexto absurdo e surpreendente.




4 comentários:

  1. Muito bonito vestido, se foi cópia ou inspiração, o bom gosto se faz presente.Evoca a década de 40. Qual seria a sua história???

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    1. Eu achei lindo, modelo bem simples, clássico, sem excesso algum. O forro de renda e os botões na frente e na manga dão um toque requintado. A saia também bem comprida atrás é muito bonita, enfim, um lixo/luxo de vestido. Torno a dizer, muito melhor do que se vê por aí.
      A história??? Quem saberá??? Do início não sabemos, só sabemos do fim: foi parar em um brechó!
      Abraços, Danian.
      E o vestido de noiva da neta de Carmen? Preferi o da avó e o da mãe.

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  2. Jorge

    Hoje em dia em Lisboa as casas de roupa em segunda são chiques. Estão na moda e muita gente com estilos de vestir alternativos gosta de comprar lá.

    Porém há uns 35 anos a coisa não era assim. Essas casas de roupa em segunda mão destinavam-se a gente que não podia, a desclassificados. Lembro-me que nesse tempo entrei numa dessas lojas, um adelo, como se chama em Portugal, com uma amiga minha e fiquei fascinado com os vestidos de noite, os chapéus e os sapatos. Os dois comprámos umas tantas peças de roupa e fomos quase insultados pela dona, pois achava que nós os dois eramos uns filhos da burguesia, que não precisávamos de comprar roupa usada. Fiquei a pensar que mulheres comprariam aqueles vestidos antigos cheios de lantejoulas. Talvez prostitutas, artistas de variedade ou de circo. Nunca gente da boa burguesia.

    Quando cheguei a casa com uma gabardina velha comprada nessa loja, a minha mãe também me insultou gritando" se fosses pobre, havias de protestar, dizendo que não querias roupa já usada por outros"

    Enfim, os tempos mudaram e hoje acompanho a minha filha a essas casas de roupa em segunda mão e farto-me de lhe comprar coisas a muito preço e confesso que eu próprio adoro comprar por lá.

    Um abraço

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  3. Olá, Luís. Aqui também era assim como em Portugal,só gente muito pobre comprava em brechó ou bazares de roupas usadas. Hoje compra o pobre, compra a classe média (que cada dia fica mais pobre), a classe alta pode comprar por curtição, muita gente que trabalha com moda compra roupas usadas para aproveitar tecidos bons e caros, compram para desmanchar e fazer outra peça etc. Às vezes os donos de brechó recebem estoques de loja e de fábrica de roupas sem uso, às vezes com pequenos defeitos. Em BH fui em um ótimo de pequenos defeitos e comprei camisas de malha por muito pouco.
    Eu quase nunca compro roupa porque já vivo no básico, jeans e camiseta de malha de algodão. No pé, tênis nunca caros. Mas, quando encontro alguma coisa muito bem conservada ou sem uso, compro, mas confesso que roupa usada me dá uma certa agonia.Aqui vivemos em uma época em que não se pode ostentar nada.Eu já ando vestido de pobre.
    Compro em bazar coisa que ninguém compra, como luvas antigas, chapéus, toalhas bordadas, paninhos, crochê antigo, isso é o que gosto de comprar em bazar. Coisas completamente inúteis - já comprei uma beca de formatura, de gorgorão de seda, um luxo e que já doei.
    Ano passado comprei muitos chapéus de época, anos 20, 30. Guardei um tempão, mas resolvi doar para um museu do traje daqui.Luvas, eu tinha várias e doei. Não sei se fiz uma postagem com os chapéus que comprei no brechó.
    Engraçado, comprei uma revista de 1959 que tem uma matéria enorme sobre Positano. Ontem entrei em um bazar que costumo ir sempre e lá estava, na minha cara, me pedindo para ser comprado, um copinho de cerâmica vitrificada onde se lê: Positano. KKK Nos bazares a gente viaja. Posso dar pra alguém e dizer - "esta é uma lembrancinha que eu trouxe de Positano para vc." Posso colocar na minha vitrine e dizer, "este copinho eu comprei em Positano".
    Usos, reúsos,verdades, mentiras, ilusões perdidas que se encontra em um bazar.
    De Positano, um abraço de brechó.

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