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domingo, 11 de novembro de 2018

Profissões


Quadro de profissões, as mais diversas e entre elas, muitas que já desapareceram ou estão em vias de deixar de existir. A de limpador de chaminés, por exemplo, se já teve algum profissional do ramo no Brasil tropicaliente, este deve ter tido trabalho na região sul. Por lá tem lareira. Ainda tem. 
Ser costureira, por incrível que pareça, não apetece a nenhuma garota como um serviço, uma forma de ganho. As poucas e boas ainda existem e cobram caro, afinal, o ofício virou luxo para aquelas e aqueles que podem pagar. O que rola agora são as costureiras/consertadeiras/custumizadeiras, isto é, aquelas que fazem bainhas de calças, põem e repõem zípers, pregam botões, fazem casas na máquina, apertam e folgam roupas, dão entradas ou põem para dentro tecidos, se a dona do vestido emagreceu ou engordou. Enfim, elas não fazem mais roupas seguindo um molde de um figurino ou do desenho escolhido pela freguesa.
Chapeleiro?? Eu fui vizinho na minha infância de um senhor que fazia chapéus em casa e os vendia em sua loja na Cidade Baixa e, aqui mesmo em Salvador, já teve uma rua com várias casas de chapéu e com chapeleiro na casa. A rua continua a existir no bairro do Comércio, mas os chapéus e os chapeleiros sumiram.
Empregadas domésticas, daquelas que dormiam no emprego e que faziam serviço cativo nas casas, já era ou está muito difícil de encontrar alguma mulher para tal mister. Mas como existe gente com muito dinheiro, nas casas deles devem existir ainda aquelas que ficam 24 horas servindo os patrões, mas com o amparo das atuais leis trabalhistas. Hoje, há as diaristas, as faxineiras, as que trabalham em muitas casas e sem patrão.
E por aí vai este quadro quase obsoleto de profissões, de atividades que um dia já existiram à socapa e hoje foram varridas pelo progresso, pela falta de clientes, pela falta de dinheiro ou por terem saído de moda mesmo.
Os ofícios, os ofícios manuais, os manufaturados, os mecânicos, os dos operários especializados ou não, os trabalhos artísticos, os artesanais, os trabalhos domésticos, todos entraram em uma espécie de revolução, se modificaram, alguns se adaptaram e outros escafederam-se mesmo.
Coisas do tempo. 
Este lindo quadro de profissões está em um volume de uma antiga enciclopédia que comprei no meio da rua e já bastante usada, com páginas arrancadas e outras picotadas, como se tivessem sido recortadas para antigos trabalhos escolares. E foram. Comprei o livro porque vi este quadro de profissões - adorei! - e umas coisitas mais que dão um caldo gostoso aqui para o blog.
À propósito, a enciclopédia é a Delta Larousse Júnior.

- Ih! Tô cheia de costuras, a máquina está cheia! E muita costura de mão para fazer. E ninguém me ajuda!!!

TV Itapuã, 1965.

- Chaminé imunda!. Se ainda fosse de pó de madeira, tudo bem!. Mas limpar a gordura de churrascaria não há quem aguente!!! Quem me dera limpar o pó das antigas lareiras...

-A patroa é porca...deixa tudo imundo, ih!nunca vi tanta imundície!!! Se continuar assim, vou pedir minhas contas!

-Ficou perfeito este chapéu!!! E olhe que eu sou difícil de enchapelar!! Meu rosto é muito fino...Obrigada, seu Pacheco.

 -O mesmo corte de sempre, querido.
-Pois não, madame Campos!

 -Só me pedem para retalhar quando o telhado está o fim! Que gente, meu deus! Haja betume para tantos buracos!!!!

 - Pegue o meu melhor ângulo, sim!???!!!!

 -Tô morta de tanto passar e engomar...que gente enjoada, tudo tem que ser na goma, tudo vincado...misericórdia!! E a miséria que me pagam, ufa, ufa. Tô mais quente que o ferro!!!

 -Já estou acabando de montar o editorial, daqui a pouco tudo vai para a prensa, deixe de agonia seu Peçanha!

 -Muito bem Dr. Albuquerque, mais alguma carta, mais algum documento, mais alguma ata, mais um ofício, mais uma carta-convite, mais um comunicado interno, mais algum pedido? Já passam das 6!!!!

 -Não se esqueça de ao fim do trabalho aparar-me os cabelos das narinas!
-Pois não, senhor Botelho, o senhor me pede isso há 30 anos!!!