Cartinhas e fotos estão sendo vendidas por aí, nas feiras, nos bazares, nos antiquários, nas ruas e nas calçadas, onde encontrei essas três lindas e tristes cartas de amor.
As cartas revelam a paixão da mulher de nome Ruth para o seu amado Carlos.
Ela amava Carlos, daquele jeito que só uma mulher ama e se entrega. O Carlos, pelo que podemos entender depois de ler as missivas, não correspondia na mesma medida ao amor da Ruth. Ela se lamenta, se tortura pelo descaso do homem, mas sempre perdoa e sempre espera. espera.
Parece que ele não dava importância pra ela. O homem é mais difícil na entrega, na paixão, acho. A mulher enlouquece logo. É o que dá para perceber aqui nessas três cartinhas de Ruth para Carlos quando ela diz sempre esperar por ele, seja como for e quando for. Em qualquer tempo.
Um amigo meu chorou quando leu as cartas, pois o conteúdo é lindo e é triste. Tem coisas engraçadas também, coisas de época, a própria carta em si e como foram escritas são coisas do passado, já pertencem a outro mundo, um mundo que acabou. Até a letra cursiva acabou. Ninguém escreve mais. Digita-se e, quando se escreve, as letras são garranchos ininteligíveis.
No tempo dessas cartas, Ruth escrevia com uma boa letra, boa letra de moça, redondinha, de moça romântica. Letrinhas bordadas, apuradas.
Em determinado ponto de uma das cartas Ruth fala de crianças. Ela teria filhos com Carlos, que a tinha abandonado?? Em outro ponto o pai de Ruth iria conversar com Carlos. Colocá-lo contra à parede?? Exigir uma definição em relação à filha? Problemas, enredos e situações e desfechos que não saberemos jamais.
Ruth cita a venda de uma tesourinha e um "cordão". Que triste, se desfazer de um cordão de ouro que deveria ter uma medalha, talvez. Problemas de dinheiro ela também passava.
Bem, só lendo as cartas e ir degustando aos poucos a época e os momentos vividos por Ruth e Carlos nos anos sessenta, no Rio de Janeiro.
Enquanto Ruth escrevia pra Carlos, o Brasil cantava no Rio, no II Festival Internacional da Canção.