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sexta-feira, 7 de março de 2014

Minhas Imagens de São Benedito

Imagem de madeira de São Benedito que, creio, seja do século XVII pois apresenta características próprias das imagens daquele período: corpo ereto com pouco movimento, o panejamento caindo em linha reta, sentido vertical, sem movimentação e colada ao corpo, pouca policromia, a cabeça desproporcional ao corpo, olhos pintados, não tem olho de vidro e a peanha simples e descendo da mesma madeira direta aos pés.É uma imagem mais simples, sem enfeites.
Este são Benedito tem as mangas do hábito bem grandes e desproporcionais, talvez uma alusão à lenda do "por aqui não passou nada" em referência ao suposto roubo de comida por alguém.
As imagens de são Benedito podem ser com o santo carregando um ramo de flores, com o menino Jesus nos braços e, um atributo bem mais raro, que é um saquinho em uma das mãos do santo. Um saquinho com comida, com o pão. Deve ser.   














Imagem de são Benedito em gesso, francesa. Bem feitíssima, de uma época em os moldes eram forrados com tecido pra reproduzir imagens fiés à fôrma. Essa deve ser do início do séc. XX. É linda e trás o santo com o menino Jesus nos braços, envolto, protegido em um tecido.






Linda imagem!





Imagem popular de são Benedito em barro. Trás, como a anterior, o menino Jesus nos braços, só que deitado em uma cestinha. Ganhei de um amigo em São Paulo.




Este são Benedito é em chumbo, imagem de bolso. Comprei há pouco tempo, devoto que sou desse santo que tem uma história linda.
Antigamente se usava muito a imagem de são Benedito nas cozinhas, nas partes mais altas...Eu coloco. E o primeiro café do dia, a primeira "xicrinha" é dele e colocada no alto das prateleiras da cozinha, pra nunca faltar comida na casa. Eu coloco. 
Só tenho essas 4 imagens, mas quero mais... 

Minha Cadeira Thonet


Ganhei essa cadeira Thonet há muitos anos. Estava bem estragada, pois acho que estava a pegar chuva e sol. Da antiga palhinha nem restos havia...mas estava perfeita! Mas, creio, se eu não tivesse a sorte de resgatar, iria para o lixo.
Mandei restaurar com seu Marivaldo_já falei dele aqui_ da rua Rui Barbosa, e ele me entregou a cadeira perfeita. Pedrinho, empalhador, também da Rui Barbosa, colocou a palhinha, como só ele sabe colocar: perfeita!
Quando eu levei a cadeira ou os seus quase restos mortais à Rui Barbosa, a rua dos antiquários no centro de Salvador, ela causou sensação!!! Ficaram loucos pra que eu vendesse. É claro que não vendi e está comigo há uns 30 anos. Ou mais!
Nunca vi uma cadeira igual a essa. Do modelo dessa. Não é uma Thonet comum, simples. Sempre fiquei observando por aí para ver se achava outra igual, mas nada!
Lendo recentemente a revista da Biblioteca Nacional, eis que me aparece uma cadeira exatamente igual a minha e que pertencia à antiga Livraria Laemmert do Rio de Janeiro, fundada em 1838 e fechada em 1909.
A Livraria Laemmert de donos alemães, tinha em seu interior belíssimo, várias cadeiras iguais à minha para os seus fregueses se sentarem a escolher os livros para comprar. Adorei!

 O interior chiquérrimo da livraria com seus balcões e as Thonets enfileiradas. A foto é do livro História das Livrarias Cariocas de Ubiratan Machado, publicado pela Edusp, 2012.

 Molina baixou, aproximei...

 Mais próximo e... eis aí a minha Thonet original salva por mim de ir para o lixo e que, hoje, está em minha salinha de meu apartamentinho.

 Fui à Casa de Noca fuçar umas Thonets.

 Ui! Sou acrófobo!!! Jamais ficaria sentado em "minha Thonet vienense original", na beirada de um arranha_céu...


Um catálogo da época com variados modelos de cadeiras, sofás e mesas Thonet.

Uau! Ela faz  a linha creolina!
Quando eu quero um táxi para Viena d'Áustria, eu sento na minha Thonet e viajo...

Nancy Cunard . 2


Henry Crowder envolto nos braços cheios de pulseiras e braceletes da mulher, Nancy Cunard. Foto belíssima de Man Ray.


Os braceletes e pulseiras africanas de marfim, cobre, bronze e prata de Nancy. Naquela época ainda se caçavam elefantes e com as presas se faziam muitas joias. Hoje, ainda bem, a venda do marfim é proibida, caso contrário, não haveria mais elefantes.

 Uma pintura moderna de Nancy. E os 100 braceletes, é claro!

 Foto de Cecil Beaton. Uau!!!

Repeteco da bela foto de Man Ray. Nancy tinha bom gosto...

Nancy Cunard . 1

 Nancy Cunard. Filha de Lady Emerald Cunard, americana que vivia em Londres e considerada uma das mais importantes e poderosas mulheres da sociedade londrina do final do século XIX e início do XX.

 Nancy era filha única e única herdeira da Cunard Steamship Company, companhia de navegação que lançou os primeiros transatlânticos do mundo.


Na década de 20 foi morar em Paris e se tornou amiga e musa de todos os grandes artistas da época como Picasso, Aldous Huxley, Joyce, Tristan Tzara, Enzra Pound, Man Ray, enfim, todos, todos os artistas revolucionários da época e que fizeram de Nancy a sua musa. 

Foto de Curtis Moffat, 1925. Apaixonada pela cultura e a arte africana, que influenciou todos os artistas modernos da época, Nancy, sofisticada, exótica, riquíssima e muito louca, vivia cheia de pulseiras, braceletes e adereços africanos. Era conhecida como A Dama dos 100 Braceletes!!!!!!


Mas não era só a arte e os adereços africanos que Nancy Cunard gostava. Ela não era somente uma rica bizarra e exótica. Se envolveu e se jogou de cabeça na luta contra o racismo e o fascismo. Criou uma editora e lançou livros onde tratava e defendia os direitos dos negros, a desumanidade do preconceito racial e atacou de frente Mussolini e Franco em vários manifestos assinados por ela.

 Nancy retratada com seus 100 braceletes por Valeria Kouznetsova.  Em 1928 se casou com o afroamericano Henry Crowder, pianista de uma banda de jazz. Isto foi a gota d'água para que  sua mãe, a "terrível Lady Cunard" a deserdasse.

 Ainda em 1928 editou um livro com escritores de origem africana e desconhecidos na época como o então, Samuel Beckett.

Foto de Curtis Moffat, 1925. Em 1934 editou e publicou o livro Negro, uma antologia com vários autores tratando sobre a africanidade e denunciando a opressão e o sofrimento que viviam os negros.



 Nancy em foto de Man Ray, 1926.

Foto de 1926.

Foto de Cecil Beaton, 1930.

Foto de 1926.

Foto de Cecil Beaton. Nancy Cunard em 1929.


Foto de Curtis Moffat, 1925.

 Foto de Cecil Beaton, 1929.

 Caricatura de Anthony Wisard de 1928: Nancy e Henry Crowder nas noites parisienses.

 Outra foto de Beaton de 29.

 Foto Cecil Beaton, 1929.

 Nancy em foto de 1925 de Curtis Moffat. A estamparia do vestido belíssima!!! Modernérríma!
 Foto de Henry Cartier_Bresson de 1956. Nancy já envelhecida e abatida pelo alcoolismo.

 Nancy Cunard retratada por Alvaro Guevara.


 Com o amigo Langston Hughes. Paris, 1938.

 Nancy com o marido Henry Crowder.

Nancy Cunard nasceu em 1896 e morreu em 1965. Era alcoólatra e em 1960 foi internada em um hospital psiquiátrico.
Ver as imagens de Nancy Cunard nos anos 20, 30 do século passado com suas roupas incríveis, seus cabelos curtos penteados para trás, o olhar penetrante e sério e, é claro, com seus inúmeros adornos africanos, principalmente os braceletes, é uma coisa tão moderna, tão atual e fico pensando que, realmente, como diz o Eclesiastes "nada há de novo debaixo do sol".
Quando vemos uma moderna com suas bijuterias, joias, biojoias_existem várias por aí_estamos vendo Nancy Cunard.

"O que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso se fará, de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados que foram antes de nós". (Eclesiates, Cap.1)